A Riot Games preparou novidades para o VALORANT Champions Tour (VCT) de 2022. Uma delas é que, em cada VALORANT Challengers regional, a empresa distribuirá vagas para as etapas classificatória e principal mediante o desempenho dos times no VCT de 2021. Atitude positiva e elogiável porque recompensa quem foi bem na temporada passada e que mostra que o VALORANT pode ser um investimento seguro para as organizações que estudam entrar no FPS – característica vista como primordial para clubes brasileiros ingressarem em uma modalidade. Contudo, no Brasil, indo contra o próprio critério, a empresa acabou desprestigiando personagens que já estão no FPS desde o começo.
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No Brasil, além das dez equipes melhores posicionadas no ranking regional do VCT, a Riot decidiu por convidar duas organizações que sequer estavam presentes no cenário nacional no último um ano e meio, MIBR e Ninjas in Pyjamas (NIP). São dois novos investimentos no competitivo brasileiro, bem como os que estão sendo feitos por LOUD, Team Liquid, Los Grandes, TBK e outros clubes, sejam eles de maior ou menor expressão. Qual é o mérito para essas duas tags serem convidas e as demais não? Ou melhor, por que dar para a dupla recém-chegada a vantagem de não passar por todo o estressante e desgastante processo de disputar a seletiva aberta, enquanto todos os demais citados – e outros times já presentes no cenário – não tiveram tal privilégio?
É um erro por parte da Riot em convidar duas organizações recém-chegadas ao cenário brasileiro, que não possuem histórico recente no país e renegar organizações já presentes no competitivo nacional, desprestigiando assim tags que já investem na modalidade. MIBR e NIP erraram em aceitar? Não, uma oportunidade apareceu e os clubes a abraçaram a chance que lhe foram dadas – da mesma forma que muitas outras fariam. O erro esta no fato da empresa ter usado um critério claro ao convidar dez times e outro, não revelado, para Made in Brazil e Ninjas in Pyjamas.
Não é que eu seja contra as vindas de MIBR e NIP para o VALORANT. Pelo contrário. Quero mais é que essas organizações, bem como as outras estão entrando, invistam cada vez mais na modalidade. A minha crítica é em relação aos pesos bastante diferentes e não tão claros quanto a distribuição dos convites para o VCB.
O desprestígio a tags já presentes no VALORANT desde o início não aconteceu somente aí. Mostrando certa falta de conhecimento da situação de algumas das organizações que convidou, a Riot deu vagas para clubes que nem estavam mais presentes no FPS, caso de Extenzy e INGAMING, e acabou deixando de fora a Galaxy Carrots, que no ranking do VCT brasileiro estava a frente dessas duas justificando que o time não recebeu o convite porque a antiga casa do time não existia mais. Ou seja, o quinteto, que nada tem a ver com a má administração e desorganização do antigo empregador, além da estressante e desgastante briga no bastidor para receber salário e/ou premiações, viu a desenvolvedora, de certa forma, “punir” por erro que não cometeu.
Outro desprestígio, esse específico no caso da Galaxy Carrots, é a conduta da Riot mediante dois times sem organização já que a NO ORG 2.0 foi convidada ainda sem ter sido anunciada pela TBK. No bastidor já era sabido que os ex-paiN já tinham um acordo selado com um clube há cerca de três a quatro meses, mas para o público a imagem que ficou foi que a empresa não deu o mesmo tratamento para dois elencos que, na teoria, tinham situações semelhantes já que um recebeu convite e o outro foi completamente esquecido.
Por volta de 20 organizações disputaram as três etapas do VALORANT Challengers Brasil (VCB) na última temporada. Tirando as nove convidadas, ampliando o critério de distribuição dos convites para clubes que disputaram, pelo menos, uma fase da competição nacional, 11 teriam mais mérito de serem convidadas do que a dupla escolhida pela Riot por, simplesmente, estarem presente e investindo na modalidade, independente se estão lucrando ou não.
Por que não conversar com SLICK, Imperial e paiN para retornarem ao VALORANT? São três tags que possuem história e relevância na modalidade já que duas delas disputaram o First Strike em 2020 ou o VALORANT Masters Brasil em 2021. Se a questão é mérito, por que não dar essas duas vagas restantes da seletiva fechada para as equipes que dominaram o cenário feminino em 2021, B4 Angels e Gamelanders Purple?
Desde que começou a ser ventilado nos bastidores de que a Riot iria dar ao MIBR e ao NIP as vagas restantes na seletiva fechada, me pergunto a lógica por trás dessa ideia. A resposta mais plausível é que tais organizações já disputaram o VCT, mas em outras regiões: os Ninjas pela Europa e MIBR “como” Immortals já que são duas tags gerenciadas pelo mesmo grupo. E se essa for a justificativa da empresa, só escancara o desprestígio da mesma quanto a clubes que investem no competitivo antes da chegada desses todos-poderosos.
As opiniões expressas nesse texto não refletem as opiniões das empresas VALORANT Zone e Gamers Club