Especial

Unidas, mulheres criam canal no Discord por um VALORANT saudável

VALOROSAS tem o objetivo de proporcionar um ambiente saudável para mulheres que jogam VALORANT

Assim como muitos outros jogos, o recém-lançado FPS da Riot Games atraiu muitas jogadoras. Contudo, o jogo não começou proporcionando uma boa atmosfera ao público feminino devido aos muitos ataques gratuitos que acontecem nas partidas. A saída que as mulheres encontraram por um ambiente saudável em VALORANT foi a criação de um canal no Discord chamado VALOROSAS.

Mickaelly “Elly” Schmidt foi quem tomou a iniciativa em criar o reduto para as mulheres em VALORANT. Trata-se de um projeto similar liderado pela própria jogadora em Overwatch quando ela fazia parte do mundo do título da Blizzard.

Ao VALORANT Zone, Elly conta que “a ideia surgiu por causa do nível de toxicidade da comunidade de VALORANT com mulheres e a sensação de impunidade. Chamei quatro amigas pra embarcarem nessa jornada comigo: Sunny, Doctor, Awing e Hope. Graças ao nosso trabalho, surgiu esse grupo. Quando se vive nesse ambiente virtual que é naturalmente tóxico com mulheres, é muito confortante achar um lugar ‘seguro‘”.

Segundo a fundadora do VALOROSAS, a quantidade de denúncias que presenciou nas redes sociais a incomodou bastante “porque eu nunca tinha visto tantos relatos em tão pouco tempo em nenhum outro jogo“.

Por causa desse comportamento da comunidade e por ter experimentado na pele o quão ruim é ser alvo de toxicidade simplesmente por existir, resolvi tentar criar um ambiente confortável para as mulheres e livre de comportamento tóxico. Hoje, posso dizer que virou o meu refúgio e de muitas outras meninas“, assume.

Atuamente o VALOROSAS conta com 528 membros e, de acordo com Elly, o canal foi abraçado pelas mulheres presentes em VALORANT: “As meninas gostaram demais da ideia. Quando se vive nesse ambiente virtual que é naturalmente tóxico com mulheres, é muito confortante achar um lugar ‘seguro'”.

Começamos há pouco mais de uma semana. Divulguei no Twitter e bombou. Tivemos mais de 150 meninas no primeiro dia, usando ativamente os chats pra encontrar parceiras pra jogar. Hoje já temos mais de 500. Nossa comunidade está crescendo a cada dia e muito mais do que eu podia imaginar. Isso só prova como iniciativas como essa são importantes, e também como o problema precisa ser abordado de uma maneira mais ativa tanto pela comunidade gamer quanto pelas produtoras dos jogos“, completa.

Além da proposta de fornecer um VALORANT saudável para as mulheres, Elly aponta que o VALOROSAS foi feito para ajudar as jogadores que desejam iniciar no FPS da Riot e até mesmo entrar no competitivo

O servidor é bem interativo e buscamos sempre melhorar com a sugestão das meninas. Depois de passarem pela verificação, os membros têm acesso a canais de conversa, denúncia e desabafo, chat de pergunta com os desenvolvedores de VALORANT, guias pra ajudar com os agentes e mapas, divulgação do trabalho (arte, criação de conteúdo e portfólio), procura de parceiras para jogar, pugs semanais, e algumas coisas mais. Nosso foco é em criar e manter uma comunidade que interage, apoia e incentiva umas as outras”.

O VALORANT Zone também conversou com mulheres que fazem parte do VALOROSAS.

Jogadora que iniciou no mundo dos FPS pelo VALORANT, Maria Eduarda “Ártemis” Cury revela que conheceu o canal por meio de um amigo: “Jogo desde o beta NA e criei uma forte conexão com o jogo. Mas estava ficando complicado após o lançamento oficial me sentir confortável para jogar sozinha. Mesmo não tendo experiências tão negativas como algumas meninas relataram, eu ficava com receio de jogar sem lobby fechado – ou até com amigos de amigos. Foi aí que meu amigo, que também joga, viu no twitter a divulgação do Valorosas e me marcou, o que me fez conhecer as meninas.

Para Nayara “Sunny” Freitas, o VALOROSAS “é muito importante pra mostrar que não estamos sozinhas. As meninas no jogo são muitas e existem, mas somos fragmentadas dentro da comunidade. Então o canal cria um ambiente mais acolhedor e sem a toxicidade que já lidamos todos os dias, organizamos PUGS (partidas personalizadas) entre as meninas, que também servem para ajudá-las a melhorar e todo dia tem pelo menos um grupo formado onde estão jogando juntas, ajudando muito a criar amizades e a treinarem para melhorar no jogo”.

Josyane “Princesa” Tartarini conta que “o grupo é bem dinâmico, tem diversas maneiras de se interagir. Não é só um grupo para jogos, mas também para criar uma união entre as meninas. Tem diversos canais como o de depoimentos, no qual muitas meninas falam o que estão passando. Tem como você compartilhar seu trabalho, ouvir músicas e etecetera. A rotinas de jogos é bem simples; tem um canal no qual você é só perguntar ‘alguma menina está jogando?’ Sempre tem várias e eu, particulamente, já conheci muitas. E além disso as moderadores organizam partidas personalizadas semanais as famosas ‘pugs'”.

Assim como as outras jogadoras que fazem parte do VALOROSAS, Júlia “AsunaSenpai” Jenefer acredita que o canal é uma forma das mulheres terem acesso a um VALORANT saudável. “Por sempre [as meninas] estarem nos incentivando, pela oportunidade de conhecer novas jogadoras e oferecendo dicas até para melhorar o desempenho nos jogos, o VALOROSAS se torna um meio de deixar a experiência bem mais rica em todos os sentidos“, opina.

COMO FAZER PARTE

Para fazer parte do VALOROSAS é simples, você pode ingressas no Discord clicando aqui – lembrando que o convite expira em 1 dia – ou então sendo convidada por alguma jogadora que já faz parte do canal.

RELATOS

Elly e as jogadoras entrevistadas também já passaram por situações que mostram o quanto VALORANT não é saudável para as mulheres.

Princesa conta que ainda na fase beta escutou um “mulher boa é mulher morta“. Foi um momento desconfortável o qual marcou bastante a jogadora: “Estava jogando uma partida sozinha no qual o restante da equipe era um squad. Aconteceu que eu morri e eu falei a posição na qual o cara estava para ajudar e um dos garotos do meu time simplesmente disse ‘mulher boa é mulher morta’, com os outros rindo e isso foi no segundo round, minha partida simplesmente acabou ali.

Já o ataque gratuito que Ártemis sofreu aconteceu após o lançamento. A jogadora conta que, “em uma partida em que estava de Jett, um jogador do outro time utilizou o chat para reclamar que eu havia o matado com a ultimate, mas que “tudo bem usar a faquinha, é mulher jogando mesmo”. Me senti bem sem graça porque estava jogando com meus amigos, que o responderam. Depois dessa partida, tive que lidar com outros rages, mas agradeço por não ter passado por coisa pior – e, pelos relatos, esse tipo de experiência não falta. Agradeço por ter as meninas hoje em dia, é importante para não perdermos a vontade de jogar”.

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