Em que momento você deixa de ser menino para ser um homem? No caso de Olavo “heat” Marcelo, o processo de amadurecimento veio na mesma velocidade que o desejo do atleta de vencer. Ainda com 18 anos, já viveu muito nesse universo dos esportes eletrônicos.
2021 foi incrível para heat no VALORANT. A curva de desenvolvimento do atleta foi pouco vista na história, recebendo elogios do mundo inteiro. Agora, encerra o ano mostrando que, nesta temporada, pode ser ainda mais grandioso e na 4ª posição lista do VALORANT Zone dos melhores jogadores de 2021 no FPS da Riot Games.
O 4º MELHOR NO BRASIL EM 2021
Os 10 melhores jogadores no Brasil em 2021 foram escolhidos com base nas listagens de melhores jogadores dos mais de 30 campeonatos apurados pelo VALORANT Zone no ano de 2021. Uma fórmula foi elaborada, com cada posição dada aos atletas nas listas possuindo um peso e as competições sendo divididas em cinco categorias, cada qual dando uma quantidade específica de pontos. Conquistas coletivas também foram contabilizadas.
O nome de heat apareceu em dez das mais de 30 listas de melhores jogadores produzidas pelo VALORANT Zone dos torneios do cenário misto. O jogador conseguiu ser eleito MVP em três competições, com destaque para a fase final do VALORANT Challengers Brasil 3 (VCB). Com isso, acumulou 378,8 VZone Points.
heat em 2021
- D2E Series Brasil – MVP
- Chroma Cup #1 – EVP
- Chroma Cup #3 – EVP
- 2ª Fase VCB 2 – EVP
- Spike Series 2 – MVP
- 2ª Fase VCB 3 – EVP
- VCB Finals 2 – EVP
- 2ª etapa Copa Rakin 2021 – EVP
- 3ª Fase VCB 3 – EVP
- VCB Finals 3 – MVP
Heat encerra o ano com um pensamento completamente diferente dos demais jogadores brasileiros. Ele é o único que pode ser mono agente no VALORANT. Fazendo o que sempre quis fazer nos FPS, agora pode puxar um rifle de precisão como a Operator e protagonizar as próprias jogadas. Para isso ser completo, somente uma agente como Jett para te dar essa liberdade.
“É muito difícil eu deixar de jogar com uma agente que eu tenho muito impacto para jogar com outro que tenho menos impacto. Acredito sim, que em alguns mapas como Bind, que seja preciso de um boneco que dê mais impacto, mais dano, mais skill, eu acredito na possibilidade de troca”, comentou.
Todo esse impacto é refletido nos números do jogador ao longo da última temporada. Foram dois MVPs e sete EVPs ao longo de 2021. Em determinadas competições, ultrapassou a marca de 300 de ACS, número completamente absurdo para qualquer um. Nos últimos três meses do ano atingiu 247 de ACS e 164,5 de dano médio por round. Porém sua agressividade, garante muito mais que apenas uma eliminação.
ELÉTRICO E TALENTOSO
heat é de Goiânia, Goiás, e sempre foi muito elétrico. Mesmo atazanando um pouco os outros, o jovem Olavo já criou um espírito competitivo e era viciado em jogar futebol ou praticar qualquer esporte que o levasse a competir.
Um dos lugares que heat aprontava era a lan house. A época, o irmão e o tio o levavam e ficavam jogando Counter-Strike 1.6, GTA San Andreas e outros games do momento. Após uns anos, conseguiu deixar as lans de lado e ganhou um computador do pai.
Foi neste momento em que descobriu o CrossFire, o primeiro FPS que jogou com mais frequência. Nessa época, o irmão e os amigos ficaram encantados com a jogabilidade acima da média mostrada pelo garoto de 12 anos.
Além disso, descobriu que existia um cenário competitivo com premiação e a oportunidade de ter uma carreira profissional mexeu com heat. Mas ainda muito novo e com outras obrigações a cumprir, a real entrada demorou alguns anos para acontecer. Por isso, optou por apenas se divertir e “ver no que dava”.
DEZESSEIS E OS MOTORES LIGADOS A MIL
Inspirado por Gabriel “FalleN” Toledo, heat largou o CrossFire e passou a jogar CS:GO. Rapidamente despontou em ligas menores. O primeiro time foi o Primeout e o jogador descreve essa experiência um pouco bizarra.
“Eu era muito moleque, não fazia ideia do que tava fazendo da minha vida, com um bando de marmanjo, sem noção demais”, disse.
Se destacando em ligas menores da Gamers Club, heat recebeu um convite para defender a Falkol em 2019. Ainda sem experiência, mas sempre ao lado de grandes jogadores, ele passou a tentar entender mais do jogo e da vida.
O pouco tempo na Falkol rendeu ao jogador um convite para FURIA Academy naquele mesmo ano. Já sendo tratado como uma joia a ser lapidada, heat passou a chamar atenção de diversas equipes. A Sharks o convidou e ele acabou aceitando. Mas, avaliando agora, heat entende que não foi uma decisão acertada no momento.
“Acho que não foi a melhor decisão, tanto pela minha idade, quanto pela minha cabeça. Eu não era tão maduro com 16 anos, e ir fazer um bootcamp lá fora, jogar os campeonatos maiores. Acho que eu deveria estar mais preparado. Eu acho que esse foi um erro meu de ter pulado algumas etapas”, comentou.
Após um período quase frustrante na Sharks ele voltou a FURIA, mas novamente por pouco tempo. Em um convite da RED Canids, heat voltou a tier 1 do cenário para competições maiores. Entretanto, a falta de maturidade e experiência acabaram pesando.
Além disso, heat tem uma característica sólida in-game de gostar de jogar sozinho e ter liberdade para fazer as plays. Mas, em todos esses times, ele foi podado e obrigado a fazer funções que saíam das próprias características.
Depois de todas as experiências frutadas em menos de dois anos, heat decidiu parar de competir um pouco para refletir sobre decisões que deveria tomar. Ainda com 17 anos, passou por momentos de altos e baixos e viu uma desconfiança surgindo ligada ao seu nome.
RECOMEÇO? NÃO, AMADURECIMENTO
Sem jogar CS há algum tempo, heat começou a se destacar nas ranqueadas do VALORANT. Mas, o principal, foi chegar com uma cabeça diferente.
“Acho que eu consegui adquirir bastante experiência no CS. E para essa ida para o VALORANT eu fui com uma mentalidade completamente diferente. Querendo ser uma pessoa melhor, abrir a mente com todas as relações. E também, começar debaixo. Eu joguei um pouco no tier 1 do CS e eu fui com a mente de começar debaixo”, explicou.
A primeira oportunidade veio com um convite de Vinícius “FLUYR” Menegatti, para compor a DELIRAWOWZK. Foi apenas três meses, mas muito importante para heat já criar um nome no cenário. Ele lembra que a DELIRA não treinava e mesmo assim chegou longe nas competições do VALORANT Challengers Brasil, ficando a uma vitória de disputar o VALORANT Masters Brasil.
Logo em seguida veio o convite para fazer parte da Havan Liberty. Aceitar o chamado da consolidada organização fez parte do processo de crescimento de heat. Rapidamente, ele caiu nas graças do torcedor brasileiro, com o estilo de jogo agressivo e plays absurdas de Jett. O time se adaptou a forma como ele jogava e conquistou o título Spike Series 2 no meio do mês de abril. Além do primeiro título na nova modalidade, heat já emplacou oprimeiro MVP do VALORANT Zone.
A Havan caminhou bem na segunda fase do Challengers e era cotada a ficar com uma vaga para Masters Reykjavík. A equipe começou com uma derrota na estreia, mas depois conquistou duas grandes vitórias, eliminando inclusive a Gamelanders. Mas, com uma revés para a FURIA, o time acabou dando adeus a competição.
“Acho que foi um pouco de nervosismo e inexperiência da nossa parte. Por a gente ser um time muito novo e tá num campeonato tão grande é muito peso. A gente tava evoluindo como time, como pessoas. Acho que ali não era nossa hora”, contou.
DE DESEMPREGADO A VOAR PELO MUNDO
Após essa grande apresentação e uma expectativa de evolução, heat acabou saindo da Liberty. Foi um baque para toda comunidade, mas não durou muito. Jonathan “JhoW” Glória acabara de deixar a Gameladers e chamou o jovem para formarem um novo time. Mas que uma parceria in-game, a dupla mostrou uma sinergia ótima fora dele.
A dupla conseguiu juntar mais três jogadores livres de contrato e formaram um temido Exódia. Isso chamou atenção de várias organizações, com isso conseguiram uma casa, a Vivo Keyd.
Apesar disso, o início não foi como esperado. Eles ficaram próximos de não avançar para as finais do Challengers, praticamente encerrando o ano. Porém, heat brinca que era apenas uma zika de Murillo “murizzz” Tuchtenhagen, que só conseguia a classificação na última fase das etapas.
Chegando no Finals, uma derrota na estreia para a Sharks novamente colocou a Keyd na parede, ficando sempre próximo da eliminação. Mas caindo para a chave dos perdedores, a equipe passou a encaixar o jogo com uma vitória histórica sobre a Gamelanders. Esta partida também marcou o dia mais inspirado de heat, eliminando 82 jogadores numa série MD3.
Depois, a equipe ganhou confiança e caminhou a passos largos para chegar ao Masters Berlin. Além disso, fechou com o título do Challengers Finals e mais um MVP para conta de heat. E o mais importante foi a conclusão de um processo. Após passar por vários processos de aprendizagem ao longo da curta carreira, ele estava realizando um sonho e sentindo que conseguiu concluir uma evolução.
O Masters Berlin pode não ter trago o resultado esperado para os brasileiros, mas o desempenho da Keyd e a mentalidade que heat passou a adotar acabou compensando. Para o jogador, a equipe passou a adotar um processo de evolução e ir para uma competição internacional era fundamental para ganhar experiência, depois ser campeão. Mas, heat não podia deixar de fazer as jogadas absurdas e desta vez deixou até os gringos de boca aberta.
Após a competição em Berlim, heat e os companheiros conquistaram a vaga para o mundial em dezembro. Após um período de preparação, a Keyd chegou melhor do que nunca com a adição de Leonardo “mwzera” Serrati. O jogador era destaque da Gamelanders e poderia fazer diferença na competição.
A estreia no Champions aconteceu contra a poderosa Acend. Depois de uma sólida vitória, o placar foi revertido após JhoW ter se aproveitado de um bug utilizando o Cypher. Após toda a confusão, o psicológico dos jogadores ficou afetado com a decisão da desenvolvedora e impactou diretamente na derrota para X10 CRIT e na eliminação.
Apesar dos pesares, heat mostrou que evoluiu e se tornou um homem, dentro e fora do servidor. “Acho que foi um ano incrível, eu mudei como pessoa. Eu me envolvi com pessoas que não me faziam bem, era muito influenciado a falar algumas besteiras. Então agora eu vejo que eu me tornei muito melhor. Estou na melhor fase da minha vida”, afirmou.
Mais que ser impactante in-game, heat mostrou personalidade forte fora dele. E isso é o que seus companheiros mais admiram nele. Subindo a manga até o ombro, ele mostra garra e, ao mesmo tempo, tranquilidade para todos ao redor.
Campeonato | Colocação |
D2E Series Brasil | Campeão |
Chroma Cup #1 | 3º/4º Lugar |
Chroma Cup #2 | 3º/4º Lugar |
Chroma Cup #3 | Vice-campeão |
Spike Series | Campeão |
3ª Fase VCB 2 | 3º/4º Lugar |
VCB Finals 2 | 4º Lugar |
3ª Fase VCB 3 | 3º/4º Lugar |
VCB Finals 3 | Campeão |
VALORANT Masters Berlin | 9º/12º Lugar |
VALORANT Champions | 13º/16º Lugar |
2022 E O BOLD PREDCTION
Agora, heat iniciará um novo processo com a Vivo Keyd. O time tem um único foco: vencer o Champions. Mas, lógico, indo passo a passo.
“Agora tem equipes novas, então é um recomeço para todos os times. É continuar no passo a passo, não pular as etapas. É não deixar o objetivo subir a cabeça. Vamos continuar trabalhando para fazer dar certo”
E para chegar nos seus objetivos, heat terá que passar por Arthur “tuyz” Vieira, sua aposta para estar na lista dos melhores jogadores de 2022. O jogador da TBK Esports tem se destacado muito nas ranqueadas e pode ajudar a nova organização a chegar ao sucesso.