Especial

Os melhores no Brasil em 2021 – Gustavo “Sacy” Rossi (1)

Quarto em 2020, Sacy chega a um grupo seleto de jogadores estrelas em dois games distintos

Chegar ao topo é difícil e se manter nele é ainda mais. Mas o quão difícil é chegar ao lugar máximo em esportes diferentes? São poucos os que podem responder esta pergunta e um dos felizardos que têm essa resposta é Gustavo “Sacy” Rossi. A estrela que surgiu no League of Legends continuou brilhando e se tornou ainda maior no VALORANT, não só chocando o país com as boas apresentações, mas também o mundo ao disputar duas competições internacionais em 2021.

Os 10 melhores do Brasil em 2021

A jogabilidade de Sova encantou a comunidade brasileira e assustou os gringos provando que não existe fuga. Mesmo quando assumiu a Jett mostrou uma força impressionante e uma mira absurda. Com todos os méritos é o 1º lugar da lista de melhores jogadores do VALORANT Zone.

O MELHOR DO BRASIL EM 2021

Os 10 melhores no Brasil em 2021 foram escolhidos com base nas listagens de melhores jogadores dos mais de 30 campeonatos apurados pelo VALORANT Zone no ano. Uma fórmula foi elaborada, com cada posição dos atletas nas tais listas um peso e as competições sendo divididas em cinco categorias, cada qual dando uma quantidade específica de pontos. Conquistas coletivas também foram contabilizadas.

Sacy apareceu por cinco vezes em lista de melhores jogadores, incluindo o VALORANT Masters Brasil e sendo o melhor jogador do Challengers Finals, que levou a Team Vikings para o Masters da Islândia. Ao todo, somou 600 VZone Points

Sacy em 2021

  • VALORANT Masters Brasil – EVP
  • 2ª Fase VCB 2 – EVP
  • VCB Finals 2 – MVP
  • 2ª Fase VCB 3 – EVP
  • VCB Finals 3 – EVP

Mesmo fazendo papel de suporte, Sacy conseguiu atingir grandes números. Isso porque suas características individuais o levam a sempre estar ativo em qualquer momento do round. Seja no início para trazer uma informação ou até mesmo conquistar uma vantagem numérica. Seja em mid round quando consegue punir falhas de posicionamento do adversário ou no final da rodada vencendo um clutch decisivo.

Sacy teve um ACS de 250.5 em 2021, segundo números do The Spike. Sua forma segura e ao mesmo tempo punitiva, garantiram um K/D de 1.40 e 158.6 de dano médio por round. Outra estatística que comprova a força de Sacy no round é seu baixo índice de first death no round. O número de 0.08 é o menor entre os cinco primeiros desta lista.

Arte/VALORANT Zone

PAI E FILHO GAMER

Assim como muitos outros personagens do VALORANT, Sacy é daqueles que começaram a competir muito cedo. A trajetória começou aos 11 anos, no Counter-Strike: Source, mas com o jogador migrando para outra modalidade ao ver que tal versão do FPS não era tão badalada no Brasil. A escolha foi se aventurar no League of Legends, que se mostrou acertada pelo sucesso obtido no MOBA da Riot Games.

O amor que Sacy tem pelos games foi passado pelo pai, que começou a levar o atleta para as lan houses quando ele tinha nove anos. “Meu pai é meio que viciado em games. Era o hobby dele. A gente jogava muito Team Frotress clássico. Teve uma época em que ele jogava Gunbound e eu, Grand Chase. A gente foi bem do mundo dos games“, conta.

Por conta disso, diferente da grande parte da comunidade competitiva, Sacy não precisou passar pela barreira de desconfiança dos pais em relação a profissão de jogador profissional de esports: “Foi bem tranquilo. A galera que jogava comigo sofria muito porque os pais não entendiam muito sobre, ainda mais porque o cenário não era tão estruturado como é hoje“.

LOL E A TRANSFORMAÇÃO DA LENDA EM REALIDADE

Sacy começou a competir no League of Legends com 15 anos e não demorou muito para ascender na modalidade ao conseguir figurar no Top 8 de torneios relevantes naquela época do cenário, como SoloMid Invitational Brasil 1 e Razer Challenge Brasil #2.

A primeira vitrine de Sacy na modalidade foi a Big Gods, com a qual assinou em 2013. A trajetória do jogador pela equipe foi positiva, com o time figurando no Top 3 em três dos torneios que pontuavam para o circuito da 2ª divisão. As boas performances levaram o atleta para o “time B” da INTZ, conhecido na época como INTZ Red, com o qual conquistou a sonhada classificação para o CBLOL

No CBLOL, os resultados foram gradativos, enquanto em torneios de terceiros, Sacy foi vice no Xtreme League #5 e Top 3 na Brazil Mega Cup 2015. Em 2016, passou a defender a RED Canids, que comprou a segunda vaga do INTZ na liga nacional e assinou com o quinteto. E foi junto da Matilha que obteve os melhores resultados no MOBA, como o título da 1ª etapa do CBLOL 2017 e o Rift Rivals no mesmo ano.

Bruno Alvares & Pedro Pavanato / Riot Games

EM BUSCA DO SONHO

Sacy nunca escondeu que sonhava em competir em uma modalidade de FPS. Precisou deixar tal ambição pelo não sucesso do Source e as poucas oportunidades que teve. Até que surgiu o VALORANT. Segundo o jogador, “se fosse outro jogo sem ser pela Riot, eu não entraria de cabeça. O que me deu mais confiança de fazer essa migração foi o fator Riot e porque eu sabia que ela não ia brincar com o jogo“.

Por já ter jogado outros títulos do gênero, Sacy não teve dificuldade em se adaptar ao VALORANT: “Quando cheguei, a noção de CS que eu tinha, de clutch, movimentação, era meio que uma memória muscular. Não estava tão boa quanto hoje, por questão de prática, mas não foi difícil alcançar o ritmo de volta“.

No VALORANT, além de se provar, Sacy precisou também quebrar o preconceito que muitos tinham contra ele por só conhecerem a parte da carreira em que competiu no LoL. “A galera só conhecia o Sacy do LoL, mas pensei que se eu subisse de ranque, ir para o Radiante, eu ia conseguir mostrar que sou bom e a galera ia começar a me acompanhar. Deu certo”, conta.

Inicialmente, os planos de Sacy era apenas streamer e criar conteúdo sobre o jogo. O chamado para o competitivo foi feito por outro conhecido personagem do VALORANT, Matheus “PEPA” Coletto, que, de acordo com o Sova, “me enxeu tanto o saco para jogar junto com ele, que eu acabei abraçando a ideia. Meio que falei que não ia deixar de streamar, mas que ia focar o competitivo“. Mais uma decisão acertada por parte do jogador visto os resultados que obteve em 2020, quando também foi eleito pelo VALORANT Zone como um dos melhores no Brasil, ocupando a 4ª colocação.

A primeira conquista de Sacy no VALORANT, se assim podemos dizer, foi eliminar a Gamelanders na seletiva para o Fusion New Rivals. Na sequência, fechou o segundo Gamers Club Ultimate no Top 3/4 junto à VIMDOLOL e foi Evolution Tournament. As boas campanhas levaram a equipe para a RED Canids nos últimos meses daquele ano, o qual fecharam com o Top 3/4 da Copa brMalls.

SAINDO DA ZONA DE CONFORTO

Sacy terminou o ano de 2020 em baixa com a RED Canids. A não participação no First Strike acabou por encerrar um vínculo de anos entre o jogador e a organização. Além disso, Sacy ainda ficou com dúvidas sobre seguir competindo ou focar nas streams (que o mantinha bem financeiramente).

A Vikings foi uma das únicas organizações que eu consegui ver um grande potencial em questão de line porque o Kayke me deu a oportunidade de eu montar o time que eu queria, com os jogadores que eu achava bom e ele me deu uma base financeira boa para continuar no competitivo“, revelou o jogador.

Com essa liberdade Sacy conseguiu formar o quinteto que dominaria o Brasil rapidamente. Mesmo tratando como preparação logo no primeiro campeonato da temporada conquistaram o Ultimasters AOC. Logo em seguida começou o Challengers que levou para o Masters Brasil.

Foto: Divulgação / Vikings

Com ritmo acelerado, a Team Vikings chegou como uma das favoritas ao título ao lado da Gamelanders. Com uma campanha quase que perfeita, foram campeões do torneio, mas ainda sem acreditar no que estavam realizando.

Lembro que a gente se reuniu no começo do ano e falamos ‘nossa meta dentro desse time é se classificar para o champions’, esse é o principal objetivo. A gente não tinha na cabeça de ganhar o Masters. Obviamente queríamos, mas não era esperado por nós e nem pelo público. Termos ganho da GL da maneira que foi, foi uma grande surpresa. A gente montou a VKS para bater a GL porque era um time muito respeitado e ganharam tudo em 2020. Era o time a ser batido. Foi muito estranho para nós e logo após o primeiro campeonato a gente viu que conseguiríamos ser o melhor time do Brasil, mas chegar no topo e fácil, o difícil e se manter“, comentou.

ABRINDO OS OLHOS NA ISLÂNDIA

A Vikings nem teve tempo de comemorar o título da Masters pois três dias depois já aconteceu o primeiro classificatório para o Challengers 2. A equipe já se sentia mais confiante e sabia que iria para o VALORANT Masters Reykjavík. Como esperado, chegaram sólidos para o Finals, cedendo apenas um mapa durante o torneio (e já com a vaga garantida).

Na Islândia, um verdadeiro susto. Levando tudo que fez no Brasil, a Vikingfs não encaixou o próprio jogo no torneio mundial. O chaveamento ainda atrapalhou encarando a Sentinels, que viria a ser campeã e a quarta colocada Team Liquid. Mas, o mais importante foi abrir os olhos para o que estava acontecendo lá fora e tentar trazer para o Brasil.

O meta da Islândia abriu a cabeça de todo mundo, porque nós da Vikings não tínhamos uma Jett player de ofício, nunca tivemos um duelista de ofício, para ser sincero. Sempre foi uma dificuldade nossa e não foi culpa de ninguém“, explicou Sacy.

Quando saiu esse conhecimento de que Jett era meta, eu puxei esse assunto no time, falei que eu poderia ser e se era para testar, esse era o melhor momento já que tava no começo do campeonato e se desse algo de ruim, poderíamos voltar. A gente estava com bastante ponto e eu estava bem confiante na época, o frz poderia ir para Sova. Foi muito tempo de conversa. Então resolvemos fazer o “testes” nos campeonatos e só mudei nos playoffs“, continuou.

Photo by Colin Young-Wolff/Riot Games

A estratégia funcionou até certo ponto, com Sacy individualmente se destacando muito. Porém, era notório que a Vikings não performava tão bem como antes, mesmo com os resultados acontecendo.

O que realmente fez falta foi o fato de que quando eu jogava de Sova eu era o second caller, eu controlava muito o mapa junto com o saadhak durante o round e eu tinha mais tempo de ver o mapa e decidir junto com o saad as melhores decisões. Como duelista eu não tinha esse espaço e isso estava fazendo muita falta, acabei percebendo isso nos playoffs. Foi depois da derrota contra a Havan que tava faltando minhas calls“, comentou.

Apesar da tentativa, a equipe não conseguiu a classificação para o Masters Berlin e viu de casa a confirmação da vaga para o Champions.

CONCRETIZANDO A EXPECTATIVA: VKS NO MUNDIAL

O que era só um objetivo no início do ano se tornou uma realidade. A Vikings se classificou para o VALORANT Champions 2021. Mas, sem jogar desde o dia 21 de agosto, a equipe precisaria de uma forte preparação para chegar sem o impacto do tempo de inatividade.

O nosso time estava num ritmo muito alto de vários campeonatos seguidos. Não paramos desde janeiro. A gente estava sempre nesse ritmo constante e teve um break, muito complicado, fora ansiedade…mas cada um é cada um, mas para o time no geral eu achei que não foi tao legal assim. Só que teve os prós também que foi a questão do planejamento“, explicou.

Mesmo parados a tanto tempo, a Vikings chegou frenética no Champions. A tranquila vitória sobre a Crazy Raccoon deu otimismo para os brasileiros. Em seguida veio um esperado confronto contra a Gambit Esports. A partida foi marcada por uma virada histórica dos russos que terminaram com o vice-campeonato no mundial.

Querendo ou não era a Gambit, foi mérito dos caras ter conseguido virar. Segundo não era difícil fechar o jogo. Pode ter rolado mil coisas, dificuldade de fechar em relação à ansiedade. Faltou aquele maldito 1 ponto. Vários rounds que, se você parar para analisar, rounds que estava ganho e faltou 1 detalhezinho… não era pra ser… foi bizarro e a gente levou de aprendizado. É complicado dizer que foi o melhor desempenho e ficar feliz. Não consigo“, disse.

Em seguida, uma derrota para Team Secret não esperada e novamente uma eliminação na fase inicial da competição. Apesar disso, o resultado dos brasileiros animaram com o desempenho no mundial e isso chamou atenção de Sacy.

Aquilo ali foi uma prova, não só para o público, mas pelo menos para mim que dá. Que é diferente do LoL. Foi uma prova que realmente dá, meio que botou um fogo a mais dentro de mim. Realmente dá para ganhar. É tudo no seu tempo“, afirmou.

Wojciech Wandzel/Riot Games

GRATIDÃO POR 2021 E EXPECTATIVAS PARA 2022

Sacy falou que conseguiu realizar alguns dos objetivos que tinha para 2021 e que agora se sente totalmente envolvido com o VALORANT.

Foi muito gratificante, para ser sincero, porque eu sinto que estava faltando isso para mim que eu consigo trocar com os caras lá de fora, que consigo jogar presencial, que eu consigo fazer essa transição, que eu estou no caminho certo. O que eu não vou deixar acontecer é que minha humildade suma porque eu acho que é só o começo. O jogo só tem 1 ano. Os elogios eu uso de combustível de motivação. Sempre falei isso, desde 2020, que o meu objetivo dentro do VALORANT é transformar o Brasil em uma grande potência“, afirmou.

Já para 2022, mesmo mantendo os pés no chão, Sacy quer levar seu time ao topo do mundo.

Minha meta para 2022 continua sendo a mesma, que vai ser se classificar para o Champions. Só que agora, caso eu consiga, a meta vai ser diferente. Eu não quero só passar para os playoffs. Eu quero ser campeão mundial dessa vez“, disse.

Por fim, ele repetiu a aposta de saadhak e escolheu Bryan “pANcada” Luna como um jogador que deve aparecer na lista de melhores jogadores em 2022.

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