Especial

Os melhores do Brasil em 2020 – Murillo “murizzz” Tuchtenhagen (10)

Conheça o capitão da PaiN Gaming e ganhador do GC Ultimate II

Em cerca de 7 anos de carreira, Murillo “murizzz” Tuchtenhagen transformou-se em um grande atleta de esportes eletrônicos multifacetado. Da frustração no League of Legends, o gaúcho tirou as forças para construir um império no Heroes of the Storm e se tornar um ídolo no Overwatch. Agora, no FPS da Riot Games, o líder da paiN Gaming busca escrever o próprio nome também no VALORANT.

Veja a lista completa dos melhores atuando no Brasil em 2020

Com o passar dos anos de dedicação, os títulos vieram: grandes vitórias em três modalidades diferentes e a prova viva da tremenda adaptabilidade do jovem atleta. No primeiro semestre competindo no FPS da Riot, o gaúcho conquistou o topo do VALORANT, obtendo excelentes posições em dois dos três campeonatos oficiais que ocorreram no Brasil. E hoje, murizzz é considerado um dos 10 melhores jogadores do ano pelo VALORANT Zone.

murizzz em uma das Copa América que disputou no HotS | Foto: Agência X5

INFÂNCIA COMPETITIVA

Murilo “murizzz” Tuchtenhagen é um atleta nascido em 1999 e natural de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul chamada Camaquã.

O jogador teve uma infância repleta de competitividade desde muito cedo, com o espírito e o prazer por vitórias fazendo parte do seu ser até hoje. Frustrações com derrotas em simples brincadeiras de criança eram capazes de o fazer chorar.

Em vista disso, ambição por vencer e o desejo de se tornar bom em algo começou a crescer dentro de murizzz. Com a paixão dividida entre os esportes tradicionais e os jogos eletrônicos, o garoto passou os primeiros anos de vida alternando entre competir em pequenos campeonatos de futebol e os games.

O primeiro contato com o gênero de FPS aconteceu por meio do Counter-Strike 1.6, quando ainda tinha cerca de 6 anos. Sete anos depois, ao completar 13, foi inserido ao competitivo mundo dos esportes eletrônicos.

Gostava de jogar e melhorar, mas era for fun“, relembra Murillo.

PRIMEIROS PASSOS

A familiaridade de Murillo com cenário competitivo começou no Call of Duty 4. Adotando o apelido de murizzz, como também é chamado pelos próprios familiares, o garoto começou a competir na modalidade puramente por competir.

Nesse momento, criou vivência com rotina de treinos e saboreou a experiência de formar uma equipe mais séria pela primeira vez. Entretanto, apesar de ter disputado campeonatos no jogo, só cogitou se tornar jogador profissional e seguir uma carreira quando começou a aventurar-se em outro título da Riot Games, que estava sendo lançado na época, o League of Legends. Foi no MOBA que a chama de murizzz começou a arder verdadeiramente.

Uma das Copa Américas de HotS conquistadas por murizzz, em 2016 | Foto: Agência X5

HISTÓRICO COMPETITIVO

Apesar do primeiro contato de murizzz com o mundo gamer ter sido com um título de FPS, o gênero só cruzou novamente a mira do jogador quando este decidiu apostar em Overwatch, após uma imensa frustração no LoL e ver o Heroes of the Storm chegar ao fim na mesma velocidade que surgiu.

No LoL, murizzz começou a jogar com 12 anos, em 2011, variando nas posições de meio e suporte. Dois anos depois, o jogador alcançou o ranque mais alto do MOBA e passou a competir em torneios amadores.

No entanto, a idade se mostrou para murizzz como o principal obstáculo para se tornar profissional na modalidade já que League não permitia menores de 16 anos em torneios oficiais. Mesmo completando seus 15 anos e já influente no cenário, treinando com e contra bons times, a regra quase apagou o fogo do gaúcho de vez ao barrá-lo de representar a KaBuM ao lado de Pedro “LEP” Marcari, Gustavo “Minerva” Queiroz, Thiago “tinowns” Sartori e Daniel “dans” Dias – jogadores estes que em 2014 foram alguns dos responsáveis por levar o Brasil ao Mundial do jogo.

Foi um baque pra mim. Me decepcionei muito como o LoL porque eu fui chamado pra completar pra KaBuM (…) e meio que tava realizando um sonho. Um ou dois dias antes, a Riot mandou um e-mail falando que não poderia jogar nem o qualify online porque tinha que ter 16 anos. Aí larguei o LoL de vez“, relembra o jogador da paiN Gaming.

Daquele momento em diante, o jogador tomou como objetivo buscar novos jogos, criar experiência competitiva até ter idade suficiente pra competir profissionalmente no jogo da Riot.

Desta maneira, murizzz decidiu migrar para o Heroes of the Storm e, no MOBA da Blizzard, o jogador começou a colher os louros de toda a dedicação e vontade em se tornar um profissional. Tendo Azmodan o herói principal, Murillo ganhou cinco vezes o título da Copa América e representou o Brasil em diversos torneios internacionais do jogo, como os mundiais realizados na Coréia do Sul, Alemanha, Suécia e Estados Unidos.

Já no Overwatch, representando o Brasil internacionalmente | Foto: Blizzard

O caminho de Murillo de 2015 a 2017 encerrou-se no MOBA com Overwatch, o FPS da Blizzard que trouxe para o jogador a sensação de nostalgia de sua época jogando Counter-Strike.

A migração total para Overwatch aconteceu em 2017 e foi despretensiosa: murizz jogava por diversão, e acabou recebendo ofertas de alguns dos melhores times da região.

Durante a off-season de Heroes of the Storm, competiu um presencial em São Paulo e recebeu oferta garantindo salário, algo inédito para o jogador até o momento. Tuchtenhagen aceitou e migrou de vez para o FPS.

Lá, o DPS competiu e ganhou torneios oficiais, contando com quatro títulos de melhor time da Overwatch Contenders South America, além de presenciais internacionais representando o Brasil e a América do Sul na Copa Mundial de Overwatch nos anos de 2017 e 2019 e no Atlantic Showdown na Alemanha.

Murizzz nunca pensou em chegar à Overwatch League, pois acreditava que não era palpável pra região. “Sabia que não era algo pra gente desde o começo“, afirma o jogador sobre o maior campeonato franquiado do jogo. Cansado do Path to Pro de Overwatch e da estagnação do cenário sul-americano, o melhor atleta do FPS da Blizzard de 2019 – eleito no Prêmio eSports Brasil – decidiu migrar para o recém-anunciado FPS da Riot Games.

Na paiN Gaming e ao lado de Pedro “ole” Orlandini, murizzz tinha a missão de construir um forte elenco para representar aquele que auto-intitula o maior time de esports da América Latina. Desta maneira, a chama dele agora retornava pra velha casa, mas com um propósito diferente.

murizzz recebendo o PeB 2019 | Foto: Lucas Henrique / Prêmio eSports Brasil

MIGRAÇÃO E ADAPTAÇÃO

O maior incentivo para murizz migrar para o VALORANT foi a ambição de melhorar a carreira como atleta de esporte eletrônico. Juntando tal interesse com o desejo e a confiança de uma grande organização, a transferência foi feita de maneira planejada.

O jogador afirma que VALORANT foi a salvação de sua carreira como profissional já que encontrou um bom cenário competitivo para se concretizar como atleta. Afirma que as numerosas mudanças de jogo se deram pela busca de estrutura e melhores opções para ele como atleta que se dedica exclusivamente à modalidade.

Sempre busquei melhores opções pra mim, e tenho certeza que encontrei a melhor agora”, afirma murizzz.

Apesar de vasta experiência com as mais diversas modalidades, o jogador enfrentou dificuldades acerca dos fundamentos de CS:GO presentes em VALORANT, esquecer mecânicas de Overwatch e psicológico.

Também em razão desses motivos, a organização e o jogador tinham certeza que uma escalação ideal deveria ter bons jogadores de Counter Strike: Global Offensive. Desta maneira, seria possível intercâmbio de conhecimento entre os membros, para que a equipe conseguisse se estabelecer melhor. Foi assim que Matheus “matheuzin” Brito e Vitor “kon4n” Hugo juntaram-se ao trio de jogadores originados do Overwatch: murizzz, Ole e André “Txozin” Saidel.

murizzz competindo no First Strike | Foto: Bruno Alvares / Riot Games

PRIMEIRO SEMESTRE DE MURIZZZ

A carreira no VALORANT começou com um fake chamado Cage Triggered. Ainda experimental, jogou alguns campeonatos acompanhado de jogadores sem organização. Por este time, os resultados não foram muitos satisfatórios e murizzz ficou de fora de alguns torneios importantes, como o Gamers Club Ultimate 1.

Mas não demorou muito para murizzz começou a se destacar no FPS. Isso começou a acontecer com o surgimento da NOORG 2.0, equipe a qual contava com a formação que, no futuro, foi anunciada pela paiN. Esse time passou de “underdog” a um dos principais times do cenário brasileiro.

A primeira grande conquista foi a segunda edição do Gamers Club Ultimate. Na sequência, murizzz e a paiN emendaram aparições em finais de outros grandes torneios como a segunda Copa Rakin e o First Strike, a primeira competição totalmente organização pela Riot e presencial.

O First Strike foi um dos primeiros campeonatos [que não ficou nervoso]. Grande parte vem de eu ter jogado vários LAN, mas eu acho que é mais por eu achar que tô na minha melhor fase de todos esses anos de competitivo“, garante o atleta.

Dado o crescimento do cenário, tais conquistas na reta final do primeiro semestre de VALORANT são gigantes.

AUTO-AVALIAÇÃO

Murizzz revelou que sua agente preferida é Jett. Apesar de grande flexibilidade de classe, a assassina dos ventos conquistou o coração do jogador. Até o momento, Jett foi pickada em 50.9% das partidas jogadas profissionais por Murillo segundo registros do vlr. Além disso, a coreana também protagonizou a jogada favorita em Split durante a final da 2ª Copa Rakin.

Outros agentes muito jogados são Sova e Raze, que carregam pickrate de 35.1% e 14.0% respectivamente.

Durante a trajetória até o vice-campeonato no First Strike, murizzz lamenta alguns momentos como a performance individual no prório torneio presencial e exalta a o desempenho na segunda edição da Copa Rakin, que aconteceu logo após o título do Gamers Club Ultimate II.

O jogador classifica o primeiro semestre competindo no VALORANT como ótimo, apesar das decepções e auto-cobranças. murizzz mantém-se focado para mostrar para o que veio.

Eu sei que eu sou um player pronto, sei que estou preparado e sei que sou um dos melhores”, afirma o jogador

Toda a fase de adaptação de uma escalação construída por jogadores que vieram de jogos distintos e todos resultados positivos conquistados pela equipe o motivam para que, ano que vem, mantenha-se entre os melhores jogadores. “Foco total para ser o melhor time e a gente vai ser o melhor time“.

Shares: