Os melhores no Brasil em 2023 – Fillipe “Pancc” Martins (3)

Sempre ouvimos que no esporte, só os melhores chegam no topo. Quantos milhares ficam pelo caminho para apenas alguns estarem lá? Agora, o grande mesmo é aquele que atinge o alto do cume em duas modalidades diferentes. Nos esports, Filipe “pancc” Martins acaba e fazer parte dessa seleta lista de atletas.

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Em 2023, pancc se tornou uma grande estrela no VALORANT. Com a The Union, dominou o cenário nacional e conquistou quase tudo que estava ao seu alcance. Por isso, em sua primeira temporada completa já figura na terceira colocação na lista de melhores jogadores do VALORANT Zone.

O carioca que se tornou estrela cedo no CS:GO

Filipe, nascido no Rio de Janeiro, desenvolveu seu interesse por jogos devido à influência de sua família, que sempre foi apaixonada por eles. Desde sua infância, ele observava atentamente enquanto sua família jogava. Sua paixão pela música também desempenhou um papel importante em suas escolhas, levando-o a adotar o nome baseado na banda Panic! at the Disco, que se tornaria conhecido pelo público em 2018 como Pancc.

Pancc deu início à sua jornada no CS:GO em 2016, quando tinha 18 anos, e logo despertou seu espírito competitivo apenas alguns meses depois, quando ingressou na Infinity Gaming no início de 2017. Foi lá que sua carreira profissional começou a decolar, ao lado de companheiros de equipe que o acompanhariam por um longo tempo: Ivan “sppray” Miranda, Caique “faintz” Melia e Gabriel “crt” França, este último agora na equipe YeaH!.

A equipe começou a se destacar em qualificatórios online e, eventualmente, conquistou um lugar no Festival de Games ITX Gamer Cup 2017, realizado em São José dos Campos, São Paulo. Foi a primeira vez que o jovem jogador participou de um evento presencial. Durante essa oportunidade, a Infinity Gaming impressionou a todos, vencendo a equipe hookahlike nas semifinais, mas perdendo para a poderosa Team One na final. Tudo isso aconteceu no primeiro mês de Pancc na equipe.

Apesar de um período curto de tempo, a Infinity Gaming também teve um excelente desempenho online, o que levou a equipe a ser promovida para a Liga Profissional da Gamers Club em julho daquele ano. Mais tarde, em outubro, eles alcançaram a segunda colocação em outro evento presencial em Sorocaba, organizado pela Votogames, perdendo para a equipe C4 Gaming.

No entanto, mesmo estando na divisão mais alta do cenário de Counter Strike no Brasil, a Infinity ainda não conseguia obter resultados expressivos na Liga Pro, até que o tempo de maturação da equipe e a entrada de Victor “remix” Monteiro fizeram a diferença. Em janeiro de 2018, a equipe chegou às semifinais da Liga Pro, derrotando grandes equipes, como a FURIA Esports, durante a fase de grupos.

Um passo importante rumo à profissionalização veio no mês seguinte, quando a organização AVALANCHE, liderada por Alessandro “Apoka” Marcucci, decidiu contratar a equipe. Embora não tenham conquistado títulos nesse período, Pancc se destacou individualmente, mantendo consistentemente estatísticas superiores às do restante do time.

Em 30 de março de 2018, a W7M anunciou a contratação de Pancc, após colocar Thiago “tifa” França como reserva alguns dias antes. O jovem jogador chegou à organização com grande expectativa, sendo visto como a grande aposta devido ao seu desempenho excepcional na Liga Pro.

Quase de 3 anos de história nos búfalos

A história de pancc com a W7M Gaming é recheada de momentos mágicos. Nos quase três anos de organização foram quatro títulos e onze vice-campeonatos. 

Mas, além disso, trouxe pessoas que se tornariam vitais ao longo da carreira. Entre eles estão Rafael “raafa” Lima, Leon “ryotzz” Felipe e Pedro “peu” Lopes.

Outro ponto que pancc destaca é a valorização que se tem se mantendo em uma mesma organização por muito tempo.

Do pior momento da carreira ao mundial

Após deixar a W7M no final de 2020, pancc foi anunciado pela Sharks Esports. Entendendo que precisava de novos ares, a passagem pela organização portuguesa não começou bem. Logo em janeiro de 2021, ele foi acusado por uma jovem de 16 anos de assédio sexual. O relato foi feito por Giselle, que no Twitter expôs conversas que teve com o atleta quando ela ainda tinha 15 anos. No mesmo dia, pancc se posicionou em suas redes sociais. O jogador confirmou a veracidade das mensagens, afirmando que “errou feio” e se sente uma “pessoa péssima”.

Como resultado, a Sharks afasta pancc a principio para um período de 4 a 6 meses com acompanhamento de um médico. O médico responsável tinha o dever de emitir relatórios sobre o acompanhamento e a evolução do jogador. 3 meses depois, pancc foi reintegrado após a psicanalista confirmar a evolução nas analises.

“Esse período em que aconteceu essas coisas foi um momento muito ruim na minha vida. Deixando de lado carreira e todo esse tipo de coisa, porque eu acredito que a carreira é o de menos nisso. Não é o tipo de conduta ou índole em que eu concordo ou que eu represento hoje em dia. Hoje eu mudei muito de quem eu era anos atrás”, explicou.

“Nessa época eu fiz durante o ano, durante todo o período o acompanhamento com a Natália, que é uma psicanalista, me ajudou muito, muito mesmo. A gente fez toda semana, durante esse tempo, então a gente conversou sobre muita coisa. Ela me ajudou muito a mudar essa minha visão. A eu entender os meus valores como cidadão e o por que minha conduta não foi apropriada”, comentou como funcionou o processo.

“O que acontece é que foi um momento que me dói muito até hoje. Não é algo que eu me orgulho. Eu sinto que foi uma coisa que me permitiu evoluir muito. Principalmente em comparação a quem eu sou hoje, tanto como ser humano quanto profissionalmente mesmo. (…) A psicanalise, a terapia me ajudou a mudar completamente essa minha visão de que eu tinha nessa época, por que eu passei a enxergar as coisas com os outros olhos na minha vida, e também passei a enxergar o meu sonho com outros olhos também, com a postura adequada e com os valores e a conduta que estão comigo até hoje”, desabafou.

Após ser reintegrado, pancc viveu o seu momento mais mágico no CS:GO. Junto a Sharks, conquistou uma vaga para o PGL Major Stockholm 2021, o mundial do FPS da Valve. Ele destaca como o momento mais feliz de sua carreira.

“Acho que eu nunca tinha sentido uma felicidade tão grande quanto o dia que a gente ganhou uma vaga. Foi muito louco, aquela sensação. Eu queria muito passar por isso de novo”, disse. “É, foi uma realização de um sonho. Eu sempre quis jogar o Major. Todo mundo sempre quer jogar. O mesmo foi muito legal. A gente se destacou muito aqui no Brasil”, completou.

2022 e a migração

pancc começa o ano de 2022 na Leviatán – de CS:GO – mas já de olho no VALORANT. Em maio, ele sente que não está tendo o mesmo prazer e decide sair da organização argentina e voltar para o Brasil. E neste momento começa a jogar o FPS da Riot Games.

Com isso, voltam a aparecer as pessoas importantes em sua vida. peu, seu antigo treinador da W7M o convida para entrar na DIRETOR1A. A partir daquele momento sua história começa a ser escrita.

Até o final do ano, a equipe passou por mudanças, entrou para a The Union e já surgia como grande potencia nacional para 2023.

O 2023 mágico

Com a vaga garantida no Challengers Brasil a equipe teve tempo para se preparar antes da competição. Segundo pancc, já nos treinos a The Union mostrava uma força absurda. O que se confirmou durante o VCB.

No primeiro split do Challengers a equipe mostrou todo entrosamento e estilo único de jogo. Tanto é que bateu adversários considerados favoritos, como Vivo Keyd e 00 Nation na primeira fase, que terminou em primeiro lugar.

Nos playoffs não deu chance para nenhum adversário e garantiu o título contra a VK com uma atuação absurda de pancc. Foram 77 abates na série de quatro mapas, com um ACS de 232 e 12 first kills – um grande número para um sentinela.

No segundo split, tinha tudo para dar errado, mas acabou que a situação melhorou. A saída de Ilan “havoc” Eloy e a chegada de Estevão “Askia” Ferreira poderia ter feito a The Union perder qualidade. Além disso, os adversários estudando poderia tirar a diferença.

Mas não foi isso que aconteceu. A equipe de pancc chegou para o segundo VCB com mais mais vontade. Se não bastasse sobrar, fez uma campanha invicta. Foram dez partidas disputadas e dez vitórias. 26 mapas disputados e apenas 5 derrotas.

Vaga para as franquias escapando pelos dedos e fim da temporada

O principal objetivo da equipe no ano, Ascension Americas foi uma competição emocionante para a The Union. Na primeira fase, uma soberania previsível, com duas vitórias em dois jogos na fase de grupos.

Nos playoffs, a final da chave superior e que prometia ser a grande final entre The Union e The Guard foi extremamente disputada. Os americanos levaram a melhor e jogadoram os brasileiros para a lower.

Na partida decisiva contra a M80, o inesperado aconteceu. Uma derrota que nem pancc sabe explicar.

“Nos stage, no palco, a gente simplesmente não entrou pra jogar. A gente não, não existiu naquela partida. Não sei o que dizer sobre até hoje. Foi muito estranho, as coisas simplesmente não funcionaram pra gente. A gente não sentia que a gente não estava ali jogando. A gente não conseguiu aplicar nada. A gente só perdeu”, comentou.

Após o fim do Ascension, uma crise assolou o cenário e boa parte das organizações deixaram o VALORANT. Como despedida, a The Union ainda chegou a jogar o Multiplatform Esports Game 2023, mas acabou deixando a competição por problemas na escalação.

O sentinela imparável

A função de sentinela é uma das mais primordiais no VALORANT. Toda grande equipe começa com um grande sentinela. E sem modéstia, pancc se considera – merecidamente – o melhor da posição atuando no Brasil.

“Eu tenho um estilo de jogo diferente dos outros de Sentinela que eu acompanho. Eu aplico muita coisa que eu aprendi no CS que eu vivi em alto nível. Então, eu sempre busco muito lutar, brigar por espaço, pra trazer um conforto maior pra minha equipe. Isso automaticamente me permite com que eu tenha mais confrontos e que eu limpe a visão de mapa pro meu time. Então a ideia é sempre facilitar o round para os meus companheiros e que a gente tenha a leitura do outro time. Sempre é a informação de como eles estão se portando no mapa”, explicou.

A explicação também é refletida nos números. No ano de 2023, ele marcou 207.4 de ACS. Além disso, traz um dano médio por round de 138 – quase uma kill por rodada – e por fim um KAST de 73%.

Todos os números e entendimento de jogo vem da sua história no FPS. Desde o CS, pancc é um jogador dedicado. Para melhorar sua skill, ele revelou que matava 5 mil bots em mapa de treino.

“Eu acho que você tem que ter a vaidade de entender que o seu individual no VALORANT é você, além de ter a mira afiada e o reflexo apurado, você saber que você precisa ter bons recursos com os seus, com os seus agentes. Você tem um smoking diferente. Você tem uma jogada diferente, um setup diferente, que vai surpreender. Então tudo isso entra em você ter um bom individual. É uma vaidade que você precisa ter se você quiser ser um grande jogador”, elucidou.

O que esperar de 2024

Apesar do grande desempenho de 2023, pancc não fechou com nenhuma equipe das franquias e terá que subir os mesmos degraus deste ano em 2024. Desta vez, sem organização, manteve a base da The Union e promete novamente vir forte.

Claro que a frustração o deixa triste, mas pancc acredita que seu trabalho será recompensado.

“Eu sei que muitas pessoas olham pra mim com outros olhos, e me julgam, eu não quero trazer uma dramatização, mas a realidade é que eu mal tenho torcida ou amigos, e estou nesse caminho sozinho com as minhas próprias motivações, que Deus sabe lá como, mas aos poucos que torcem por mim e aos meus poucos amigos, eu valorizo muito isso”, desabafou.

“Eu gostaria que as pessoas me dessem uma segunda chance. Eu entendo e assumo a responsabilidade do meu erro, e sei que hoje eu já não represento mais aquela mesma pessoa de antes. Ao mesmo tempo eu não quero ter uma forçação de barra para mostrar que eu mudei ou coisa do tipo. Porque eu acredito que isso é algo que acontece naturalmente. Eu só queria que as pessoas soubessem que eu tô trabalhando nisso e estou disposto a dar o meu melhor sempre, as terapias vem me ajudando muito nessa parte. Eu não busco ser superior a ninguém, a minha maior competição é comigo todos os dias, sempre buscando ser uma versão melhor do que antes. E podem esperar que eu vou sempre dar o meu máximo pra representar o Brasil, pra trazer bons resultados, porque esse é o meu sonho”, completou.

Bold predicton

Por fim, pancc destacou dois jogadores que devem se destacar em 2024 e podem aparecer na lista de melhores jogadores: Carlos “Zanatsu” Eduardo e Jean “skz” Lucas.

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