Ostentar a aposta de promessa do cenário não é fácil. Alcançar a elite de um esporte já é difícil sem qualquer pressão adicional ao seu redor. Entretanto, Julia “Jelly” Iris finalizou o ano passado como uma das grandes promessas do VALORANT inclusivo para 2023. E ela não decepcionou.
A jogadora da LOUD entrou para a temporada atual para se consolidar. Com grande desempenho individual, Jelly encerra 2023 no segundo lugar das melhores do ano do VALORANT Zone. Aqui, contamos a trajetória dela para conquistar um posto tão alto neste ranking.
Começo e paixão por FPS
O início da jornada “gamer” de Jelly não foi com o VALORANT. Com grande influência do irmão, o primeiro jogo que captou a paixão da atleta foi Team Fortress 2. E, claro, Counter-Strike também fez parte da formação gamer de Jelly.
“Eu jogava muito Team Fortress 2, que era do genêro de FPS e foi um jogo bem grande na minha infância. Depois disso joguei muito CS:GO e foi de lá que peguei meu gosto por competir”, comenta.
Se o FPS da Valve serviu para despertar um apreço pelo competitivo, foi no VALORANT que Jelly despertou como profissional. Com apenas 16 anos, ela surgiu na LUSA Esports e logo de cara chamou atenção com desempenhos de alto nível. Mais detalhes sobre o início de carreira de Jelly foram contados no texto de melhores do ano de 2022.
Bom desempenho na B4 e contratação da LOUD
Apesar de ter começado o ano de 2022 em um time de menor expressão, a LUSA, Jelly logo chamou atenção e conseguiu uma casa mais tradicional: B4. Por lá, ela aprendeu muito e teve em Taynah “tayhuhu” Yukimi uma professora.
“Tive muita ajuda de várias pessoas, mas a principal pessoa que me ajudou nessa caminhada foi a Tayhuhu, minha teammate. Passou dias e meses comigo me mostrando o melhor jeito de jogar o jogo, então também tenho muito a agradecer a ela.”
Pela B4, o elenco conseguiu se colocar como segunda força do cenário, perdendo apenas para Team Liquid. Mesmo sem conquistar troféus no circuito Game Changers, 2022 foi o grande ano de virada na carreira de Jelly, uma vez que disputou seu primeiro presencial.
“O que mais me marcou foi a minha ida para o estúdio da Riot no primeiro Game Changers presencial, me bateu a realização que eu posso falar para mim mesma que estou conseguindo, de pouquinho em pouquinho vou colhendo os frutos do meu trabalho.”
Para felicidade de Jelly, em 2023 a LOUD demonstrou interesse de contratar o núcleo da B4, que incluía, além dela, a própria Tayhuhu. E a intenção da nova bandeira era clara, acabar com o reinado estabelecido pela Team Liquid no cenário inclusivo em 2022.
Cenário em grande nível em 2023
A tarefa não era fácil, mas a entrada da LOUD no cenário inclusivo gerou muita repercussão, uma vez que a organização dominava o cenário misto e contratou um elenco capaz de bater de frente com a Liquid. E, no centro disso tudo, estava Jelly, o maior destaque daquela line-up.
Aliás, antes mesmo da LOUD oficializar a contratação das meninas, elas disputaram os primeiros classificatórios do Game Changers com a bandeira de “Jelly e amigas”. Os campeonatos inclusivos passaram a ser nivelados por cima, mas a Liquid ainda se mostrava superior, mas, se antes pareciam um time imbatível, isso já não era realidade e Jelly mostrava ser um estorvo da Cavalaria.
Como diria o ditado clichê dos mais velhos, agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Em junho, a LOUD conseguiu finalmente o que buscava e conquistou um dos classificatórios em cima da Liquid, vencendo por 3×1. Um dos grandes destaques daquela partida foi Jelly, que ajudou a encerrar uma sequência de invencibilidade de 16 meses da Cavalaria.
Com o passar de 2023, além da LOUD, a 00 Nation (depois Fake Natty e depois Legacy) também se mostrou como postulante à vaga no campeonato internacional. Com um equilíbrio maior, Jelly chegou a opinar sobre o Brasil merecer mais vagas no GC Championship.
“Eu acho que muita gente do cenário também vai poder falar o mesmo. A gente acha que o Brasil merecia realmente duas vagas, provavelmente até mais também. É um cenário muito competitivo. No Brasil tem muitos times que estão batalhando por essa vaga. Só esse ano a gente teve quatro times que tiveram chances de poder ir para o mundial e só ter uma vaga realmente não dá justiça a todos os times que jogam no inclusivo, que põe o coração nesse jogo.”
Neste contexto, mesmo com um ano competitivo equilibrado, a LOUD acabou ficando de fora do principal torneio do inclusivo. Ainda assim, 2023 foi um ano marcante da carreira de Jelly. A duelista se consolidou apesar de ser jovem e mostrou que o nível demonstrado em 2022 não era obra do acaso.
A 2ª melhor jogadora de 2023
Jelly atua como duelista, que é uma das funções com maior impacto no VALORANT. E no caso de quem executa este papel, o impacto deve ser visto em números. Logo, a jogadora da LOUD possui estatísticas monstruosas, mesmo com um número grande de campeonatos jogados em 2023.
Como padrão dos duelistas, as principais agentes de Jelly foram Jett e Raze, nesta ordem. Jelly teve um padrão de 255.8 de Average Combat Score (ACS) e impressionantes 1.20 de K/D. Já o dano médio causado pela jogadora por round (ADR) foi de 165.3.
Durante o ano, Jelly se mostrou letal em um dos principais requisitos para ser um bom duelista: primeiras eliminações. A jogadora foi destaque na estatística na classificatória vencida pela LOUD. Além disso, ela também chamou atenção neste quesito durante a jornada da LOUD no Game Changers Brasil Series 2, onde a equipe bateu na trave para se classificar para o internacional.
Além de garantir a 2º colocação na lista de melhores do ano do VALORANT Zone, o desempenho de Jelly também foi reconhecido em outros lugares. Ela foi eleita a melhor jogadora do Brasil pelo Brazil Game Awards 2023 (BGA), que aconteceu no início de dezembro.
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