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Especial

As melhores no Brasil em 2022 – Natália “daiki” Vilela (2)

Sua capacidade de adaptação e leitura de jogo, além da coragem, a fizeram se tornar uma das grandes jogadoras do Brasil

2022 mostrou aos esportes eletrônicos que uma nova geração já está dominando. São jovens que acabaram de atingir a maioridade e já fazem absurdos no servidor. Natália “daiki” Vilela, tem apenas 18 anos e lidera o principal time feminino do Brasil e um dos melhores do mundo.

Sua capacidade de adaptação e leitura de jogo, além da coragem, a fizeram se tornar uma das grandes jogadoras do Brasil na função – incluindo o cenário misto – e capaz de superar qualquer obstáculo. Por isso, daiki aparece em 2º lugar na lista de Melhores Jogadoras de 2022 pelo VALORANT Zone.

O VZone entrou em contato com a Team Liquid a fim de conversar com daiki para a realização da matéria. Entretanto, foi informado que devido ao período das férias, as jogadoras foram liberadas e não dariam mais entrevistas em 2022.

Iniciadora de mão-cheia

Tirando o máximo dos iniciadores, daiki cairia como uma luva em qualquer time e sorte da Liquid em te-la. Tanto de Sova, quanto de Fade, ela consegue tirar tudo que podem dar, trazendo informações fundamentais até para a vitória em rounds.

daiki também se destaca por sua liderança. É in-game leader da equipe e é completamente sua responsabilidade a tomada de decisões. Com um índice de acertos altos (até por conta da quantidade de vitórias), daiki tem uma leitura de mid-round eficiente, muito com ajuda dos agentes que utiliza. As flechas do Sova e o Assombrar da Fade são partes fundamentais de suas estratégias.

Por fim, estatisticamente é um absurdo. Todo seu trabalho de equipe se reflete em bons números como seu KAST que em 2022 fechou em 78%. Além disso, marcou um ACS de 225.5 e o dano médio por round de 146.8.

Arte/VALORANT Zone

Cria do CS e aprendiz de FalleN

Daiki nasceu em Hortolândia, há quase 100 km da capital paulista. Ela teve contato desde cedo com os esportes eletrônicos por meio dos irmãos mais velhos. Apesar das experiências no Point Blank e CrossFire, a grande “escola” da jovem hortolandense foi o Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO).

Counter-Strike é o jogo que eu mais joguei em toda minha vida e vai demorar para o VALORANT ultrapassar. Eu jogo esse game há muito tempo e só migrei por causa das oportunidades”, disse em entrevista ao VALORANT Zone em 2021.

A qualidade de daiki foi observada por Gabriel “FalleN” Toledo, que a convidou para participar da Kids Academy — uma série no YouTube com dicas do “Professor” para uma equipe formada por jovens. Apesar de ser focada no FPS da Valve, a jogadora conta que utiliza muito do aprendizado com as aulas dentro do VALORANT.

Cerca de 90% das coisas que o FalleN falava nas aulas, eu mantive. Óbvio, tem umas coisas que são especificas do CS, como smokes e flash bangs, mas os fundamentos de FPS serve para qualquer jogo e eu tento sempre lembrar de cada palavra dita”, contou.

Arquivo Pessoal/Daiki

Durante as aulas com FalleN, em outubro de 2020, daiki atuava em partidas profissionais pela Number Six. Sem definição sobre o que o futuro reservava, daiki passou a jogar com a equipe em campeonatos de CS e também de VALORANT.

No final de 2020, daiki já era tratada como uma “joia” do Counter-Strike e o futuro do cenário feminino brasileiro, tanto que foi cogitada para ingressar na escalação multicampeã da FURIA com a saída da Bruna “Bizinha” Marvila da organização.

Além disso, durante o Top 10 de Melhores Jogadores de 2020 produzido pela DRAFT5, a jovem jogadora foi a “aposta” de Julia “Julih” Gomes, Gabriela “GaBi” Maldonado, entre outras para ser o destaque do cenário feminino em 2021. Com dificuldades em conciliar a paixão pelos jogos e o estudo, mas com o apoio dos pais, a decisão sobre seguir carreira como jogadora aconteceu só em 2021.

(Decidi seguir carreira) apenas nesse ano com a Gamelanders. Muitas pessoas me incentivavam antes disso, mas eu não consegui enxergar tudo aquilo que me falavam.

Início de um domínio

Apostando totalmente no VALORANT, daiki iniciou 2021 jogando pela Janus Esports no cenário misto em busca de uma vaga na primeira etapa do VALORANT Challengers voltado para o servidor norte da América Latina. A equipe não conseguiu se classificar, mas em fevereiro chegou um convite inesperado da Gamelanders, organização que estava em alta após dominar o cenário misto brasileiro no ano anterior, para fazer parte da escalação feminina do clube.

Imaginei que fosse uma pegadinha, sei lá. Gamelanders tem uma tag gigantesca e nunca passou pela minha cabeça que iriam contratar uma “random” (como dizem) para line deles. Caiu a ficha que era sério quando os donos da Gamelanders estavam conversando com a minha mãe.

A escolha se mostrou completamente certa olhando do futuro. O quinteto dominou completamente o cenário nacional, muitas vezes levando a melhor sobre a rival Angels. 

Além disso, puderam aproveitar o início do VALORANT Game Changers e todas as oportunidades que a Riot Games daria para as mulheres. A Gamelanders Purple levou as duas edições da maior competição nacional e em ambas bateu a B4.

Nós tivemos muitos problemas internos para chegarmos onde estamos, sou extremamente grata por cada um deles“, brincou daiki. “Amo minhas meninas e acho que o principal para sermos “soberanas” foi a disciplina, a vontade e o quanto a gente treinou e batalhou para estarmos ali, por isso sempre fizemos valer a pena”, revelou.

Divulgação/Gamelanders

Ao final de 2021 foram 13 troféus e a coroação coletiva e individual. A excelente temporada culminou com os prêmios de Atleta Revelação Feminina e Melhor Atleta Feminina no Prêmio eSports Brasil, principal premiação de esportes eletrônicos em território nacional.

Entrando para a cavalaria e indo buscar o mundo

O ano de 2022 começou ainda mais mágico para a daiki e companhia. Uma das maiores organizações do mundo, Team Liquid comprou o quinteto e comissão técnica. O fato é extremamente marcante, pois ainda nenhuma organização internacional deste porte havia investido no Brasil.

Com a segurança de uma grande organização por trás, a equipe pode apenas focar nas competições oficiais da Riot e com um único objetivo: chegar ao mundial em dezembro.

O primeiro semestre foi arrasador, venceram os quatro classificatórios do Protocolo Gêneses com extrema maestria. Foram 20 partidas e 47 mapas disputados, com apenas dois mapas perdidos. Uma série impressionante que terminou com um sonoro 3 a 0 para cima da Gamelanders Purple e o título do Game Changers Series 1 Brasil 2022.

Entre a primeira e a segunda edição do Game Changers, a Liquid teve oportunidade o Elite Cup, torneio do cenário misto. E apesar de não conseguir vencer times masculinos, as partidas se mostraram muito iguais e muitas vezes decididas em detalhes ligados ao nervosismo. 

Dayane Cruz/Riot Games

Segundo semestre mais disputado

Agora focadas na disputa para os classificatórios do Protocolo Evolução e a busca da vaga no mundial, a Liquid sofreu mais. As demais equipes femininas evoluíram e passaram a dificultar mais o jogo de daiki e companhia. Mesmo assim, o quinteto mostrou sua força e venceu todos os três classificatórios para o Game Changers.

Na competição mais importante, a Liquid trilhou um caminho esperado, vencendo três jogos e chegando a decisão. 

A TL entrou desligada e a B4 aproveitou. Abriu 2 a 0 na série MD5 e tinha tudo para fechar o terceiro. Mas daiki chamou a responsabilidade na Ascent e resolveu na prorrogação. A vitória no tereiro mapa foi um estalo para o restante do time que acordou. Nos mapas seguintes voltaram a jogar como campeãs e viraram a série ficando com o título e a vaga para o mundial.

Ao chegar em Berlim para o Game Changers Championship, a comunidade internacional não enxergava a Liquid como favorita, mas o público brasileiro conhecia a força do quinteto e a capacidade de ir longe. E foi isso que aconteceu.

Na abertura da competição bateram as coreanas da FENNEL e na sequência a Shopify Rebellion, ambos por 2 a 1. Com o placar avançaram para a final da chave superior e consequentemente um top 3 garantido.

O confronto valendo a vaga contra a G2 Gozen foi extremamente equilibrado. As duas equipes alternaram a liderança no placar, mas no final as europeias levaram a melhor por 2 a 0.

Com o resultado, a Liquid teria que passar novamente pela Shopify para chegar a decisão. A série da equipe não foi como nos outros jogos, com a adversária conseguindo ler bem a estratégia e realizando anti-táticos, a equipe de daiki não teve resposta. No final, uma nova derrota por 2 a 0 e o adeus da competição.

Claro que ser eliminado a uma partida da final é frustrante, mas com muita maturidade daiki revela tranquilidade e satisfação com o resultado final. Em entrevista ao VALORANT Zone ela deu detalhes do momento para equipe.

Quando fomos jogar o último jogo contra a Shopify, tivemos um momento bem único, estávamos na red room e começamos a falar o que cada uma estava sentindo, o que cada uma esperava do jogo, realmente se abrir, sabe? Eu acho que naquele momento eu me senti muito leve e acho que foi por causa disso que não me senti tão mal quando a gente perdeu, porque eu falei tudo o que tinha pra falar, joguei tudo o que tinha pra jogar, sei que todo mundo estava na mesma página e simplesmente só não deu. Eu estava bem tranquila, acho que esse momento foi bem importante pra eu não desabar quando eu perdi.

Adela Sznajder/Riot Games

2023 de nova rota

Estabelecida no cenário feminino, daiki e sua trupe agora querem ter voos mais altos. Ela entende que precisa mergulhar de vez no cenário misto, buscando uma vaga no Challengers e futuramente nas franquias.

A gente tem muito em mente que esse ano não vai ser só falado, vamos realmente querer entrar de cabeça no cenário misto. Infelizmente, a gente perdeu as datas do VCT que rolou agora, mas os próximos campeonatos vão ser prioridade máxima no cenário misto. Infelizmente o cenário feminino vai ter que ser deixado um pouco em segundo plano pra gente conseguir fazer tudo o que queremos no misto.

Dayane Cruz/Riot Games

E é claro que para a disputa de competições mistas o time precisa se fortalecer e fará mudanças em sua line-up. A saída de naxy e as especulações para chegada de grandes jogadoras é um forte sinal disso.

Mas, além de talento individual, a Liquid precisará de uma boa liderança. Esta deve ser capaz de tomar decisões rápidas e frequentes, com jogos cada vez mais enérgicos. daiki é completamente capaz disso, por isso, a nova formação da Liquid deve focar em torno da jovem.

Mais madura e com características únicas in-game, daiki vem explorando seu potencial numa curva exponencial. Ela tem tudo para ser uma das grandes jogadoras do VALORANT e marcar história, assim como seu professor FalleN.

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