Especial

As melhores no Brasil em 2022 – Isabeli “isaa” Esser (3)

Em uma nova equipe, a jogadora manteve o alto nível de desempenho em 2022

Um dos principais nomes no cenário nacional feminino de VALORANT, Isabeli “isaa” Esser teve outro ano inesquecível. Há quem diria que a atleta não poderia repetir o que fez em 2021 com as Angels, mas em um novo time, novo projeto, isaa mostrou que esse é apenas o início de uma carreira repleta de conquistas.

A atleta que iniciou a carreira sem pretensão alguma de ser profissional, hoje, com 19 anos de idade é uma das maiores jogadoras de VALORANT que o Brasil conhece. Com um 2022 repleto de desafios, isaa tirou o melhor deles e demonstrou, mais uma vez, que quer eternizar seu nome na história. A atleta ocupa o 3º lugar na lista do VALORANT Zone das melhores jogadoras do cenário competitivo desta temporada.

Início casual e apoio do irmão

A história de isaa com os jogos de FPS começou em 2016, com um dos maiores títulos da Valve, o Counter-Strike: Global Offensive. O início parece similar ao de outros atletas, mas isaa contou com um empurrão para sair do modo casual para tentar uma carreira.

O irmão mais velho, que acompanhava os jogos de isaa, sabia que a irmã tinha um talento que na época ela ainda não sabia. Depois de muita insistência, a jogadora se rendeu. “Ele ficava falando que eu era muito boa, que eu tinha que competir e eu ficava falando pra ele ‘meu deus, não, esquece’. Mas ele sempre ficou na minha orelha. Ele que me convenceu a começar a fazer stream de VALORANT. Foi praticamente por causa dele.”

Além de apoiar a irmã talentosa, o filho mais velho também foi o pilar dessa transição para que o restante da família entendesse o que era esporte eletrônico. Das streams ao competitivo, foi assim que isaa se inseriu no cenário que tinha acabado de nascer com o lançamento do VALORANT.

“Eu cheguei pros meus pais e falei: ‘quero trabalhar com isso, vou ter que mudar’ e foi um baque pra eles. Inclusive, quem convenceu eles, foi o meu irmão. Depois de muita conversa eles acabaram deixando e hoje em dia eles me apoiam totalmente.”

Angels, foi o nome que marcou uma era no cenário feminino entre 2020 a 2021. Uma das equipes mais competitivas da época, que criou um embate com a Gamelanders, que logo se tornou um clássico, um dos duelos mais esperados pelos espectadores.

“Foi bem do nada pra eles porque, foi como falei, eu não tinha intenção nenhuma de competir, eu não tinha falado nada pra eles sobre isso. O máximo que eu fazia era stream. Eu tinha uns números legais na época e eu falava pra eles, mas nada de mais sabe? Não era como se eu quisesse trabalhar com isso. E aí um dia eu comecei a jogar os campeonatos e deu certo muito rápido. Aí a INTZ entrou em contato com a gente (Fire Angels).”

Só uma chance ao competitivo

Quando ainda vivia só de transmissão, isaa não queria saber de competitivo, era algo fora de sua realidade, mas foi graças a outro ícone do cenário feminino, que a atleta decidiu competir.

“Nem no VALORANT eu pensava em competir. Quem me convenceu foi a tay, na época. Que eu brinco né porque ela me convenceu e eu falei ‘tá, vou dar uma chance’. Eu comecei e não parei mais E agora estou aqui”, relembrou isaa com bom humor.

Encabeçada pelo elenco da Fire Angels, Taynah “tayhuhu” Yukimi seguiu a linha do irmão de isaa, insistiu para que a jogadora desse uma chance ao competitivo e foi o que aconteceu. Não precisou mais do que isso, na primeira oportunidade, isaa sabia que aquele era o início de uma grande carreira.

Foi em um lobby que tayhuhu viu a revelação de 2021 jogar. Na época, a jogadora completou o time já que Ana “naxy” Beatriz, ex-Liquid, tinha ficado sem luz e não ia conseguir disputar aquele campeonato. Nesse momento, a história das duas se cruzaram.

“Eu joguei e não lembro, mas acho que tinha a tay. Só lembro que tinha a Nathalia nanah Hammoud, e ela criou um grupo no whatsapp. Na época, a nanah era do time da tay e elas estavam no meio de um campeonato, em uma final MD5. A Ana “naxy” Beatriz era do time também e a luz dela caiu. Eu estava tomando banho, começaram a me ligar, eu saí do banho, nem sabia que número que era e eu atendi. Era a nanah desesperada pedindo pra eu completar e eu nem falava com a nanah, mas eu aceitei. Eu joguei de Cypher, que eu nem jogava na época e joguei muito bem, eu acho né. A tay disse que, me vendo jogar aquele dia se surpreendeu, que não me conhecia e me chamou. Primeiro eu recusei, aí depois ela veio me chamar de novo e aí eu falei, ‘tá bom eu jogo’ “.

Isaa, shyz, tayhuhu e celinett pela B4. (Divulgação/B4)

Depois da partida, tayhuhu convidou a jogadora para dar uma chance ao competitivo. Na primeira, isaa recusou, mas a capitã não aceitou a resposta e chamou outra vez, a persistência valeu a pena e a atleta aceitou o convite. Celine “celinett” Patrícia também foi uma das jogadoras que fez o convite. A partir daí, uma grande amizade começou, que fez o projeto “Angels” dar certo.

“A tay viu algo em mim que eu não via, ela me convenceu muito. Eu sou muito grata, sempre falo isso pra ela, que sou grata a elas, a celine e a tay, elas realmente me convenceram.”

2021 vitorioso e separação das Angels

De INTZ Angels para Fire Angels e finalmente, a B4 Angels. O quinteto que se manteve o ano inteiro junto, marcou o início do cenário feminino junto de uma grande Gamelanders Purple. No primeiro ano com um campeonato oficial da Riot Games, os dois times mostraram que esse era só o primeiro capítulo de uma história repleta de conquistas, rivalidade e amizades.

Em 2021, junto de tayhuhu, celinett, Luisa “shyz” Minarelli e Carolina “Shizue” Miranda, a equipe conquistou seis títulos em 15 finais disputadas. No último campeonato juntas, a equipe chegou a flertar com mais título, mas ficou com o vice no Gaming Culture Girl PWR #3. O torneio marcou o fim de uma era dentro do servidor, porque fora dele a história continuou.

Isaa lembra como foi a final do Women’s Community Festival (WFC) contra a GL Purple. Um jogo digno de decisão, as Angels venceram por 3 a 2, mas algo que impressionou a jogadora foi a audiência daquele duelo.

“No primeiro WCF que tivemos a primeira final contra elas, eu não lembro quantas pessoas, só sei que tinha muitas pessoas assistindo e na época, um jogo do cenário feminino para aquilo era algo que ninguém esperava.”

Divulgação/B4

Com muitas mudanças de organização, a equipe chegou a dividir a atenção com questões burocráticas de contrato, o que desviou o foco do competitivo, mas a equipe achou uma casa o fim do ano, a B4. “Eles realmente motivavam a gente e ajudavam com o que a gente precisava, então não tínhamos nenhuma dor de cabeça com a organização. Muito pelo contrário, eles estavam lá para ajudar com o que precisávamos, então foi muito boa a experiência.”

Sob a tag da B4, isaa conquistou cinco títulos e foi a maneira perfeita para partir para a próxima aventura. No dia 28 de dezembro, a atleta anunciou a sua saída da equipe. Para alguns a decisão foi uma surpresa, já que o time demonstrava um VALORANT de alto nível, só que a jogadora queria mais.

“Eu acho que as vezes temos que sair da nossa área de conforto, era um time consolidado eu podia ter continuado lá, mas eu queria buscar algo mais. Não estava mais encaixando, eu acho que não estávamos mais conseguindo evoluir juntas e eu queria buscar algo novo porque eu quero chegar no topo“.

Novo capítulo na Gamelanders

A Gamelanders Purple teve uma equipe multicampeã em 2021 que logo foi transferida para a Team Liquid. Sem um time, a organização foi em busca de formar um novo quinteto. Inserida no projeto, isaa relembrou como foi o início com as novas colegas de equipe. Para a surpresa, a adaptação foi mais fácil do que esperava.

Eu achei que ia ser bem mais difícil antes de começar a treinar, mas a gente conseguiu uma sinergia muito rápida, tanto fora quanto dentro do jogo então está muito boa a nossa adaptação.”

A nova line-up que era formada por isaa, Beatriz “biazik” Begnossi, Giulia “lissa” Lissa, Antônia “antG” Garcia e Letícia “Joojina” Paiva, misturava nomes já vistos no cenário em 2021 e com revelações. A princípio, parecia que o time já estava totalmente adaptado após a conquista do Esportsmaker Spike Ladies #2 em cima da B4 Angels. Mas, na primeira seletiva do Protocolo Gêneses, válido pelo Game Changers, a equipe ficou em 7º lugar.

A equipe precisava de tempo, em um ano completamente diferente, novas jogadoras apareceram e diversos times foram formados. Rapidamente o cenário evoluiu, e aqueles que achavam que apenas dois times iriam lutar pelo topo, estavam enganados.

Em 15 campeonatos disputados, a Gamelanders Purple levou três títulos em seis finais disputadas. Fora o quinteto, isaa apontou outra pessoa como responsável pela evolução do time: João “fame” Moraes.

“Também acho que evoluí muito individualmente e acredito que o Fame é responsável por boa parte dessa evolução, comissão técnica é algo que poucas orgs investem mas é uma das partes mais impactantes, principalmente num cenário onde tem muita player nova e inexperiente.

Divulgação/Gamelanders

Apesar de ter sido um ano mais difícil e desafiador, isaa pontuou os melhores momentos que teve em 2022. “Sai da minha zona de conforto na B4, num time que sempre foi Top 2 para montar um time do zero e somente com jogadoras F/A, relevando dois nomes pro cenário que nunca tinham jogado profissionalmente (joojina e lissa) e conseguimos ser Top 2 durante boa parte do ano, ganhamos alguns títulos e batemos na trave várias vezes, mas foi um ano incrível e de muito aprendizado”.

A primeira edição do Game Changers Series Brasil mostrou o nível que a GL Purple tinha e que havia lutado para demonstrar depois de ter acumulado várias eliminações em campeonatos anteriores. A jogadora explicou a importância de mostrar bons resultados, principalmente para o próprio time.

“Acredito que o melhor momento foi no primeiro main event do Game Changers, onde poucas pessoas acreditavam que nós iriamos chegar onde chegamos, por acabar terminando os qualifiers em 3º/4º lugar caindo para a Liquid, foi muito bom ver a evolução que a gente teve desde o começo do ano e garantir o segundo lugar nesse campeonato foi bem significativo para nós. O penúltimo qualify foi um ótimo campeonato para gente também, onde tivemos resultados muito sólidos como aquele 2 a 0 contra a ODK e uma ótima final contra a Liquid, mesmo não conseguindo garantir a vitória.”

De longe a parte mais triste foi a eliminação no Game Changers Series 2 Brasil 2022. A derrota para o MIBR na chave inferior acabou com as chances do time em lutar pela vaga no 1º mundial feminino, o Game Changers Championship.

“O final do ano acabou não sendo o que a gente esperava, principalmente por vir de semanas de treino muito boas e ótimos resultados em campeonatos, a expectativa estava bem alta para o último protocolo e o segundo GC, mas infelizmente não conseguimos demonstrar nosso jogo e tivemos um resultado longe do que gostaríamos.”

Números da 3ª melhor de 2022

Como citado anteriormente, o ano foi cheio de desafios para a atleta de 19 anos que ainda está no início de uma carreira bastante promissora. Essa é a 2ª vez consecutiva que isaa aparece no Top 3 do melhores no Brasil e as conquistas individuais reforçam o desempenho da jogadora.

Em questão de números, isaa continuou dominante e mostrou uma versão mais madura de si. Com os agentes mais usados, Sage, Astra e Viper, a jogadora teve um ACS de 218.4, KD de 1.05, ADR de 142.0 e KAST de 71%.

Arte por VZone

O que esperar de 2023 e bold prediction

O 2023 será diferente para isaa, a equipe foi liberada pela Gamelanders para receberem novas propostas. Um novo ano, um novo capítulo será escrito pela jogadora e rumores apontaram que seu próximo destino pode ser a Team Liquid, e pode ter uma companhia conhecida, Joojina.

Independente de qual será a próxima casa da jogadora, isaa vai se dedicar 100% assim como fez com as Angels e com a GL. A atleta acredita que 2023 será melhor. “Vou enfrentar um novo desafio novamente, e as expectativas são bem altas, acredito que pra mim vai ser um ano muito melhor do que 2022 foi.”

Já o bold prediction, as atletas que devem aparecer na lista de melhores no Brasil em 2023, isaa citou várias atletas que estão no auge da carreira e tiveram um ano vitorioso como Paula “bstrdd” Naguil, Natália “daiki” Vilela. Além da dupla da cavalaria, a jogadora também mencionou Joojina, Vitoria “bizerra” Vieira, Antônia “antG” Garcia, Julia “Jelly” Iris, Larissa “isla” Rodrigues e “m4ndzin“, da ODDIK Bright.

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