A Gamelanders Purple dominou o cenário feminino em 2021 e um dos destaques do time durante os 13 títulos conquistados no ano foi Natália “daiki” Vilela. Apesar da pouca idade, só 17 anos de vida, a jogadora já fez história ao ser a primeira a vencer duas categorias femininas do Prêmio eSports Brasil e, assim como o ídolo Gabriel “FalleN” Toledo, tem o sonho de ser uma grande inspiração para os mais novos.
Com formação em outros jogos de FPS e dona de três MVPs — prêmio dado a melhor jogadora em determinada competição — na temporada, daiki ocupa a 3ª colocação da lista do VALORANT Zone das melhores jogadoras desta temporada.
CRIA DO CS E AULAS COM FALLEN
Nascida em Hortolândia, na região metropolitana de Campinas, São Paulo, daiki teve contato desde cedo com os esportes eletrônicos por meio dos irmãos mais velhos. Apesar das experiências no Point Blank e CrossFire, a grande “escola” da jovem hortolandense foi o Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO).
“Counter-Strike é o jogo que eu mais joguei em toda minha vida e vai demorar para o VALORANT ultrapassar. Eu jogo esse game há muito tempo e só migrei por causa das oportunidades.“
A qualidade de daiki foi observada por Gabriel “FalleN” Toledo, que a convidou para participar da Kids Academy — uma série no Youtube com dicas do “Professor” para uma equipe formada por jovens. Apesar de ser focada no FPS da Valve, a jogadora conta que utiliza muito do aprendizado com as aulas dentro do VALORANT.
“Cerca de 90% das coisas que o FalleN falava nas aulas, eu mantive. Óbvio, tem umas coisas que são especificas do CS, como smokes e flash bangs, mas os fundamentos de FPS serve para qualquer jogo e eu tento sempre lembrar de cada palavra dita.”
Durante as aulas com FalleN, em outubro de 2020, daiki atuava em partidas profissionais pela Number Six. Sem definição sobre o que o futuro reservava, daiki passou a jogar com a equipe em campeonatos de CS e também de VALORANT.
No final de 2020, daiki já era tratada como uma “joia” do Counter-Strike e o futuro do cenário feminino brasileiro, tanto que foi cogitada para ingressar na escalação multicampeã da FURIA com a saída da Bruna “Bizinha” Marvila da organização.
Além disso, durante o Top 10 de Melhores Jogadores de 2020 produzido pela DRAFT5, a jovem jogadora foi a “aposta” de Julia “Julih” Gomes, Gabriela “GaBi” Maldonado, entre outras para ser o destaque do cenário feminino em 2021. Com dificuldades em conciliar a paixão pelos jogos e o estudo, mas com o apoio dos pais, a decisão sobre seguir carreira como jogadora aconteceu só em 2021.
“(Decidi seguir carreira) apenas nesse ano com a Gamelanders. Muitas pessoas me incentivavam antes disso, mas eu não consegui enxergar tudo aquilo que me falavam.“
GAMELANDERS E O ANO MÁGICO
A daiki iniciou 2021 jogando pela Janus Esports no cenário misto em busca de uma vaga na primeira etapa do VALORANT Challengers voltado para o servidor norte da América Latina. A equipe não conseguiu se classificar, mas em fevereiro chegou um convite inesperado da Gamelanders, organização que estava em alta após dominar o cenário misto brasileiro no ano anterior, para fazer parte da escalação feminina do clube.
“Imaginei que fosse uma pegadinha, sei lá. Gamelanders tem uma tag gigantesca e nunca passou pela minha cabeça que iriam contratar uma “random” (como dizem) para line deles. Caiu a ficha que era sério quando os donos da Gamelanders estavam conversando com a minha mãe“.
O investimento valeu muito a pena, afinal a Gamelanders Purple levantou 13 troféus ao longo do ano, sendo campeã das duas etapas do Game Changers — circuito feminino apoiado pela Riot Games — e marcou uma Era no Brasil nessa temporada. Contudo, daiki revelou que não foi tão fácil como as pessoas pensam.
“Nós tivemos muitos problemas internos para chegarmos onde estamos, sou extremamente grata por cada um deles“, brincou daiki. “Amo minhas meninas e acho que o principal para sermos “soberanas” foi a disciplina, a vontade e o quanto a gente treinou e batalhou para estarmos ali, por isso sempre fizemos valer a pena“.
Mas se engana quem pensa que o título mais importante foi o do Game Changers. Para daiki, o troféu mais comemorado na temporada foi o do SBT All Stars VALORANT. “Sempre usamos ele de exemplo para lembrarmos do que somos capazes“.
No torneio, a Gamelanders derrotou a B4 Angels em uma decisão eletrizante, definida em cinco mapas. Após abrir 2 a 0, a GL viu as adversárias empatarem, mas conseguiram retomar as forças e saírem vitoriosas por 3 a 2; daiki foi eleita a melhor jogadora do SBT Games VALORANT All Stars.
A rivalidade entre Purple e Angels também foi outro destaque da temporada. As duas equipes disputaram nove finais ao longo do ano, sendo que a Gamelanders saiu vencedora em sete oportunidades, enquanto a B4 ganhou duas decisões.
“Eu sempre gostei muito de jogar contra as meninas da B4, sou amiga de todas e isso só melhora nossa rivalidade. Não diria que foi motivo para não baixarmos a guarda, mas com certeza torcíamos para sempre sermos nós e elas na final.“
A temporada brilhante de daiki culminou com os prêmios de Atleta Revelação Feminina e Melhor Atleta Feminina no Prêmio eSports Brasil, principal premiação de esportes eletrônicos em território nacional. O destino de daiki, aparentemente, é quebrar barreiras, porque a jogadora também foi inscrita como reserva pela Gamelanders para a disputa da edição brasileira do VALORANT Masters, recheando o ano mágico de daiki.
A 3ª MELHOR JOGADORA NO BRASIL EM NÚMEROS
Além dos títulos, a atleta de 17 anos teve um desempenho individual acima da média. Com três MVPs e nove EVPs, daiki terminou o ano com 312 VZone Points e ficando na terceira colocação da lista das 10 melhores jogadoras.
daiki em 2021
- WCF 2021 – EVP
- Sakuras Ascent – MVP
- Girl Power #2 – EVP
- Protocolo Genesis #2 -MVP
- Protocolo Genesis #3 -EVP
- Game Changers #1 – EVP
- Girls On Fire – EVP
- SBT All Stars – MVP
- Protocolo Evolução #3 – EVP
- Protocolo Evolução #4 – EVP
- Spike Ladies – EVP
- Game Changers #2 – EVP
Natália Vilela somou mais de 251 de ACS (pontuação média de combate), 170 de ADR (dano médio por round), 1.56 de KD (Eliminações/mortes), enquanto registrou 0.89 de KPR (Kill por Round), de acordo com os números coletados thespike.
A jogadora brilhou de Sova, sendo colocada como uma das melhores a utilizar o agente entre homens e mulheres, embora a mesma não ache isso, “mas fico muito feliz que as pessoas reconheçam meu esforço“. Sage e Viper foram os outros dois personagens mais utilizados por daiki no ano e o objetivo é explorar outros personagens.
“Não sei dizer ao certo qual (função) eu mais gosto, porque, tecnicamente, eu jogo mais de sova, então tenho mais facilidade e costume, logo seria o que eu mais gosto, mas não sei. Gostaria de experimentar mais outros agentes, talvez não tenha extraído meu 100% in game ainda.“
BOLD PREDICTION E 2022
Assim como nos textos anteriores, o VALORANT Zone pediu para daiki fazer um Bold Prediction, que nada mais é que os possíveis nomes que podem brilhar em 2021 e aparecer na lista de melhores jogadores do VZone em 2022.
Para nova temporada, daiki aposta nos sucessos de Letícia “Joojina” Paiva, ex-atleta do Cruzeiro, e Giulia “Lisaa” Lissa, ex-jogadora da Arcade; ambas estão sendo cotadas como reforços para a nova formação da Gamelanders Purple.
Além disso, daiki acredita na companheira Ana “naxy” Beatriz para a nova temporada. “Sinto que 2022 vai ser o ano dela. Pode ter certeza que entre nós cinco, ela é a mais hypada. Ela merece“.
Segundo daiki, o objetivo para 2022 será manter o ritmo e buscar manter a hegemonia no território nacional. Porém, o alvo principal passa a ser o título do Mundial feminino, que foi anunciado pela Riot Games no começo de dezembro.
“Esse mundial vai trazer muita mais visibilidade para nosso cenário, isso é ótimo de vários jeitos, seja incentivando ou até aumentando a competitividade. Com esse anúncio do mundial, logo vamos ter uma casinha para todas as jogadoras. 2022 vai ser louco, quero continuar o que fiz muito em 2021, ganhar tudo.“