O Counter-Strike: Global Offensive foi a modalidade que mais cedeu nomes para o VALORANT. Prova disso é que na segunda competição oficial voltada para o cenário feminino, o Game Changers Series Brasil 2, 60% das atletas migraram do FPS da Valve. Uma delas termina 2021 sendo destaque no cenário nacional: Elaine “mindle” Takahashi.
Uma carreira curta nos esportes eletrônicos, mas que tem ligação com infância e adolescência. Nascida e criada nos Estados Unidos até os quatro anos, mindle foi em 2017 que teve o primeiro contato com o competitivo e, quatro anos depois, o sonho virou realidade e a atleta aparece na 9ª colocação na lista do VALORANT Zone das melhores jogadoras desta temporada.
PRIMEIRO CONTATO COM ESPORTS
Quem apresentou à mindle o mundo dos esportes eletrônicos foi a irmã Karina “kaah” Takahashi, jogadora da FURIA no CS:GO e 3ª melhor no Brasil em 2020. Foi junto dela que mindle descobriu e se apaixonou pelo competitivo, em 2017. “Foi ali que vi a emoção de estar no meio desse cenário e cogitei participar disso”, disse a jogadora.
Entretanto, a primeira experiência profissional de mindle foi acontecer dois anos depois. A jogadora conta que, “em 2019, o time da minha irmã me chamou pra fazer um teste e acabou dando certo”. Assim, Elaine juntava-se ao elenco da Vivo Keyd, que fora contratado pela própria FURIA tempo depois.
No Counter-Strike, mindle subiu no degrau mais alto do pódio em torneios importantes, como Brasil Game Cup 2019 e duas edições da antiga Liga Feminina da Gamers Club.
MIGRANDO
Apesar de ter jogado ao lado da irmã, ter representado grandes organizações e ter conquistado títulos, a carreira de mindle no CS foi curta. Perto da metade de 2020, a jogadora acabou ficando sem time e não conseguiu encontrar uma nova casa no FPS da Valve. Azar o dele.
Já no VALORANT, tudo foi diferente. O que era diversão, virou trabalho. Foi assim que Elaine decidiu migrar de um jogo para o outro. “Comecei jogando apenas por diversão durante o beta do jogo. Não tinha passado pela minha cabeça voltar a competir. Mas recebi uma oportunidade de pessoas que confiavam no meu trabalho e resolvi entrar de cabeça, pois enxerguei muito potencial no jogo e naquele time”, conta.
No FPS da Riot, a carreira de mindle decolou e a jogadora termina 2021 entre as do país. “É muito doido pensar no quanto consegui evoluir aqui. Eu realmente nunca me vi como uma jogadora tão expressiva no CS:GO quanto tenho sido aqui. Então é muito gratificante me sentir realmente confortável e confiante no meu trabalho. A tendência é nunca deixar de evoluir e sempre buscar ser minha melhor versão possível”, afirma.
ADAPTAÇÃO
Quando um jogador(a) resolve migrar de um jogo para o outro, a fase de adaptação é muito importante e é um dos fundamentais moldes pra sequência da carreira. Porém, algumas pessoas têm mais facilidade que outras, o que torna a caminhada um pouco mais fácil.
É o caso de mindle. A jogadora disse que “tinha a sensação de que jogava VALORANT há muito tempo. Me senti muito em casa desde o primeiro momento em que comecei a jogar o fps. Em relação ao competitivo, sempre enxerguei um mundo de oportunidades aqui, então me senti bastante abraçada e esperançosa em relação à minha carreira”.
DE REVELAÇÃO A CONTRATAÇÃO
Em maio desse ano, mindle foi contratada por uma organização presente VALORANT, a Stars Horizon, após receber o prêmio de Revelação da segunda edição do Girl Power. Foi ali que realmente a carreira profissional da jogadora começou. Ainda melhor para a atleta, que pôde jogar ao lado das amigas.
Pouco tempo depois, o time ficou em terceiro lugar na primeira edição do Game Changers Series Brasil. Para Elaine, esse foi um dos momentos mais especiais da temporada: “O Protocolo Gêneses foi um momento muito bom nos dois sentidos. Nosso time tinha saído de um Top 8 para o Top 3 e foi um momento da minha carreira em que evoluí muito e consegui bastante destaque”.
PRIMEIRO TÍTULO
Um mês após se juntar a Stars Horizon, veio o primeiro título. Mindle e as companheiras derrotaram a Vivo Keyd Athenas por 3 a 2 para conquistar o título do VALORÃO Summer Cup. Para Elaine, foi um momento muito gratificante porque equipe saiu atrás no placar da grande final: “Foi um momento de muita superação para o time, pois viemos de um 2×0 na série, e acabou sendo uma prova da nossa evolução”.
Além disso, segundo mindle, o título deu bastante ânimo para o futuro. “Falando mais individualmente, me deu bastante ânimo e vontade para as coisas que viriam a seguir, com uma line completamente diferente e diversas possibilidades pro futuro”.
Não só o título coletivo, mindle terminou a competição comemorando também o fato dela ter sido eleita pelo VALORANT Zone a Jogadora Mais Valiosa (MVP) do VALORÃO Summer Cup.
REFORMULAÇÃO E SUPERAÇÃO
Tudo que é bom dura pouco. Apenas dois meses após ser anunciada, a escalação da Stars Horizon Vênus passou por uma grande reformulação, sobrando apenas Elaine e Luisa “BEAR” Mendonça. Com isso, tanto as jogadoras, quanto a comissão técnica precisaram se reinventar.
Porém, a evolução da nova equipe foi rápida e os resultados voltaram a surgir. A Stars Horizon alcançou o Top 4 tanto na segunda edição do Game Changers Series Brasil, quanto no Girl Power #3. Após tantos empecilhos, foram momentos de superação para toda a equipe. “A line se superou a cada jogo, fomos resilientes e tenho muito orgulho de tudo o que construímos”, disse.
Campeonato | Colocação |
Girl Power #3 | 4º Lugar |
Game Changers Series Brasil 2 | 4º Lugar |
Spike Ladies | 3º Lugar |
VALORÃO Summer Cup | Campeã e MVP |
GIRLGAMER Challenge Latin America | Vice-campeã |
Game Changers Series Brasil | 3º Lugar |
Rivals Women’s Cup #3 | 4º Lugar |
A 9ª MELHOR NO BRASIL EM NÚMEROS
Dos 22 campeonatos femininos disputados no Brasil nesta temporada, mindle se fez presente em seis como uma das melhores jogadoras by VALORANT Zone, somando assim 101,8 VZone Points. Ela foi MVP no VALORÃO Summer Cup e brigou pelo posto de melhor jogadora no primeiro Game Changers Series Brasil.
mindle em 2021
- Game Changers Series Brasil #1 – EVP
- Rivals Women’s Cup #3 – EVP
- VALORÃO Summer Cup – MVP
- Protocolo Evolução #1 – EVP
- Spike Ladies – EVP
- Girl Power #3 – EVP
Os números de Elaine em 2021 foram ótimos, o que corrobora o fato da jogadora aparecer na lista das 10 melhores no Brasil em 2021. Mindle finaliza a temporada com 0.91 de KD (média de mortes e abates) e 130.7 de ADR (média de dano causado por round). Além disso, a atleta teve uma excelente marca de 187.1 de ACS (pontuação média de combate).
mindle começou a temporada se mostrando uma exímia Raze, mas ao longo do ano foi se mostrando versátil e importante para a equipe também jogando de Sage, Skye, KAY/O e Jett. Mas é pela Duelista baiana que a atleta tem um carinho especial: “Gosto muito da Raze, pois ela dá muita possibilidade de jogadas surpreendentes”.
PRÓXIMO ANO
A temporada de 2022 está prestes a começar, com muitas coisas boas chegando para o cenário feminino. A principal delas é o mundial do Game Changers, anunciado pela Riot na última semana. E o que podemos esperar da mindle em 2022? Ela responde:
“Busco sempre evoluir e com certeza o cenário inteiro vai crescer demais, tanto em questão de suporte quanto em questão das próprias jogadoras. Então vou dar meu 200% pra estar sempre no alto nível e conseguir disputar esse mundial, apesar de ter certeza de que independente do time, o Brasil será muito bem representado lá fora. O nível aqui é altíssimo”.
Sobre a jogadora que acredita ter potencial para, em 2022, aparecer na lista de melhores jogadoras no Brasil by VALORANT Zone, mindle aponta a ex-Cruzeiro Letícia “Joojina” Paiva: “Acredito que a Joojina pode aparecer bastante durante o ano de 2022. Ela é nova, bastante promissora e já teve bastante impacto nos times que passou em 2021, então acho que no próximo ano ela terá ainda mais chances de mostrar o jogo dela“.