O ano de 2021 se aproxima do fim e as competições do cenário feminino já se encerrarem. O cenário feminino foi abraçado com o projeto Game Changers liderado pela Riot Games. Uma das equipes mais vitoriosas no ano foi a B4 Angels ela conta com um dos ícones do cenário, Celine “celinett” Patrícia, que também se mostrou ser um dos pilares da equipe.
Com bagagem no competitivo de Point Blank, PUBG e Free Fire, a jogadora, que definiu a relação com o FPS da Riot como “amor a primeira vista”, aparece na 7ª colocação na lista do VALORANT Zone das melhores jogadoras desta temporada.
INÍCIO NO FPS E INCENTIVO
Fã de jogos e FPS desde muito nova, a brasileira começou a se aventurar no mundo da competição há sete anos, em 2014, quando ainda estava no ensino médio. Em uma participação especial no Spike Site, a jogadora revelou que os amigos jogavam Point Blank na época e que, logo depois, ganhou um notebook do pai. Assim pôde se juntar aos colegas no jogo.
Contudo, celinett revelou que no início não era tão boa quanto é hoje em dia, mas por ter sido considerada a menos habilidosa do grupo, ela viu nisso um incentivo para começar a treinar mais e, consequentemente, desempenhar melhor no jogo. A atleta comentou que até jogou Counter-Strike, mas sentiu uma grande diferença com o PB, que tem uma movimentação mais rápida.
CARREIRA MULTIJOGOS
No início, celinett não tinha planos para ser jogadora profissional ou viver do Point Blank, que na época, era algo mais casual. Mas a relação com o jogo teve diversas fases porque em diversos momentos saiu do competitivo, mas voltava para o cenário para disputar alguns campeonatos.
Apesar de ser apenas um hobby no início, a jogadora foi uma das atletas representantes brasileiras no mundial da modalidade, o Point Blank Internacional Women’s Championship (PBIWC). Em outras palavras, celinett participou da edição de 2017 do mundial feminino de PB. Com apenas 18 anos na época, a jogadora defendia a Uncharted Pinkers e conquistaram o vice-campeonato. Mas nos anos seguintes, o futuro de celinett não estaria mais alinhado com o Point Blank.
A atleta comentou que durante a época do BP, a atleta era bem mais emotiva, já que o cenário profissional de esports não era tão desenvolvido quanto é hoje e confessou que tinha vezes que não se sentia bem no ambiente do jogo e foi um dos motivos que a jogadora deixou de competir no Point Blank.
Um dos ícones no PB, José de Araújo Cavalcante Neto, mais conhecido como Netenho, saiu do competitivo para jogar o Playerunknown’s Battlegrounds (PUBG) e, com a saída de um dos maiores jogadores, a comunidade de Point Blank percebeu que o competitivo não era mais o mesmo. Outros atletas seguiram o mesmo caminho de se aventurar no PUBG, o que foi o caso de celinett, mas o battle royale não conquistou o coração da brasileira.
A jogadora se arriscou em outro battle royale, mas um tanto quanto diferente e uma febre nacional: Free Fire. Na época, a Paola “drn” Caroline – atualmente jogadora da Gamelanders Purple – também estava no time, junto do namorado e também do namorado de celinett. Mesmo no jogo da Garena, a atleta não largou a mão do computador e jogou torneios de emulador de Free Fire. Contudo, a carreira também não deu certo.
CHEGADA AO VALORANT
O beta fechado do FPS da Riot Games chegou em abril de 2020. O VALORANT rapidamente tomou os corações de muitos jogadores que estavam indecisos com a carreira e como seria o futuro com a pandemia da Covid-19. Foi com a chegada do “queridinho”, que celinett tomou a decisão de sair do Free Fire e virar jogadora de VALORANT. “Foi amor a primeira vista”, contou a atleta.
Durante o primeiro ano, a brasileira defendeu a tag Fakezao, ao lado da drn, Taynah “tayhuhu” Yukimi, Ana “naxy” Beatriz e Isadora “isa” Freitas. Em julho, a equipe foi campeã do Rivals Women’s Cup. Contudo, a line-up mudou pouco tempo depois e o nome também: Fire Angels.
Ainda em 2020, celinett entrou para a INTZ, para representar o time feminino de VALORANT da organização, com o nome adotado da line-up quando reestruturam o time, INTZ Angels.
2021
Em fevereiro, a jogadora que faz a função de Sentinela e Controladora, junto da INTZ, conquistou o Women’s Community Festival em cima da Gamelanders Purple por 3 a 1. Aquele seria a primeira final de muitas que as equipes teriam, no qual se tornou um clássico do cenário feminino. Esse foi apenas o primeiro título de muitos que ainda iriam por vir em 2021.
O segundo triunfo veio em março com a Women’s Community Festival Masters. Próximo do meio do ano, a equipe teve duas finais seguidas contra a Gamelanders Purple, o Girl Power #2 e a segunda seletiva do Protocolo Geneses, contudo, o time foi derrotado nas duas.
O último torneio que a equipe fez representando a INTZ foi a All Stars Cup #1, no qual perderam para o time misto da paiN Gaming. As Angels não deixou de disputar as seletivas abertas do VALORANT Challengers Brasil (VCB). Para celinett, a diferença entre o cenário misto e feminino, é que o misto é mais reativo.
“Eles reagem muito as coisas que você faz ali e você pode até ter feito o estudo daquele time, mas quando você vai jogar contra eles é sempre uma coisa diferente. No cenário masculino você pode até ter feito o estudo, mas nada grande que vai chegar contra o seu time e fazer aquilo tipo, eles são muito reativos com as coisas que vão acontecendo durante a partida. Aí te coloca em situações bem diferentes, você tem que aprender a lidar e talvez demande um pouco de tempo mesmo.”
Depois da eliminação, a line-up se despediu da INTZ e retornaram a usar a tag antiga que contou sempre com muito carinho no coração dos torcedores. De volta para o nome de Fire Angels.
Nos meses seguintes, a equipe bateu na trave três vezes, na terceira e quarta seletiva do Protocolo Gêneses e no Rivals Women’s Cup #3, foram dois vices e um 3° lugar. Em junho, as Angels foram anunciadas pela B4, uma das organizações de Free Fire.
A primeira final que o time chegou com a organização foi o Game Changers Series Brasil 1, que aconteceu dia 20 de junho. O time lutou bravamente até o fim em um dos jogos mais disputados do cenário feminino, mas a B4 Angels foi derrota por 3 a 2 pela Purple.
Contudo, não demorou para a equipe reencontrar o caminho da glória. No fim de julho a o time disputou o Spike Ladies. A final, que foi contra a Havan Liberty, teve o triunfo das Angels por 3 a 1 na série de MD5.
Após a conquista, o time ficou mais uma vez em segundo no campeonato, dessa vez, pela primeira seletiva do Protocolo: Evolução, mas com o time já calibrado e com experiência nas costas, a B4 Angels embalou dois títulos seguidos: Girls On Fire e Protocolo: Evolução #2.
Na reta final do ano, a B4 Angels venceu o Protocolo Evolução #3 e ficou com o 2° lugar no SBT All Stars VALORANT, Protocolo Evolução #4, Game Changers Brasil Series 2 e Girl Power #3. No total, o time teve seis títulos durante o ano de 2021.
Apesar do ano vitorioso, celinett comentou que a equipe jogou todos os tipos de campeonato, seja seletivas abertas do cenário misto ou torneios do Game Changers no feminino. A atleta confessou que tinham vezes que não conseguiam treinar por ter o calendário repleto de jogos.
ENTRADA PARA B4 E CLÁSSICO COM A PURPLE
As Angels, como assim por dizer, foi o nome que o time adotou em todas as organizações que passaram e pela tag Fire Angels que defenderam duas vezes. A line-up mudou de organização no meio da temporada de 2021, da INTZ para a B4. Para celinett, a equipe foi abraçada pela nova organização e contou como foi a mudança.
“Naquela época, quando fizemos a troca no meio do ano, o cenário feminino estava dando os primeiros passos, estava engatinhando, então a gente não recebeu muitas propostas, a gente recebeu umas três e tivemos que decidir entre elas, conversar muito e estávamos com o foco de achar uma casa. Isso dá uma mudada no ritmo do treino.”
Apesar dos contratempos que a equipe teve em meio aos campeonatos, celinett viu a transição de maneira positiva e revelou que a relação entre as jogadoras e a organização é a melhor possível.
“Eles sempre nos trataram como indivíduos, não como massa. Porque organizações com muitos times, alguns vão acabar saindo do foco . O que eu sinto na B4 é que nós somos o foco, eles fazem tudo o que dá pela gente. A galera falando muito de TikTok, mas a gente gosta, é algo que a gente se diverte fazendo. Nessa questão de trabalhar a imagem, foi inclusive um dos fatores que fez a gente escolher eles.”
Um clássico no cenário de VALORANT, quiçá o maior deles, as Angels enfrentaram a Gamelanders Purple 12 vezes durante o ano. No caso, 11 delas foram em finais e a outra foi na fase inicial do torneio. As duas equipes já tinham uma história antes desses dois times, de fato terem se formado.
Sob a tag “Fakezao”, celinett jogou com a drn, tayhuhu, naxy e isa. Contudo, pouco tempo depois, a line-up se desfez e surgiu dois times com as jogadoras que estavam presentes: Angels e Gamelanders.
“No começo era bem difícil com relação a pressão, pelo menos eu senti um pouco mais, porque era um time que eu tinha uma certa história. Foi uma coisa que, conforme fomos jogando os campeonatos foi sumindo. Antes era uma coisa mais pessoal, mas agora tipo, tá tudo bem, é só mais um campeonato, só mais um dia de luta”, respondeu celinett em bom humor.
“Acho que querendo ou não a gente foi se profissionalizando, foi pegando experiência, jogando cada vez mais, porque por mais que eu já tenha uma carreira no competitivo de outros jogos, era um jogo que não tinha tantos campeonatos ou digamos que não tinha tanta visibilidade.”
“Pra mim sempre teve, é inevitável, você desfazer o time em dois e não ter rivalidade entre. Não só porque se tornou um clássico, porque independentemente se a gente se enfrentasse na primeira ou na última fase do campeonato, a rivalidade sempre teve por ter pessoas que se conheciam, que jogaram juntas e acaba que é normal.”
A 7ª MELHOR NO BRASIL EM NÚMEROS
Pouco mais de 20 campeonatos agitaram o cenário feminino nesta temporada e, dos que receberam listagem de melhores jogadoras pelo VALORANT Zone, celinett se fez presente em quatro deles, somando 107,6 VZone Points. Os títulos e as boas apresentações individuais nos campeonatos de grande porte foram essenciais para a jogadora.
celinett em 2021
- WCF Masters – EVP
- Protocolo Gêneses #3 – EVP
- Protocolo Gêneses #4 – EVP
- Game Changers Series Brasil 1 – EVP
Como Sentinela e Controladora, já que celinett mescla entre as funções no time, a atleta conseguiu desempenhar um alto nível de VALORANT durante o ano. Contudo, a jogadora afirmou que não se importa com os números e sim, com a vitória no final.
No terceiro torneio principal do ano, a atleta ficou entre as melhores jogadoras do WCF Masters, com 230 de ACS médio, 15,3 de média de abates, 4,8 de média de assistências, 1,57 de KDA, 1,19 de KD e 24 First Bloods. A jogadora foi um dos destaques do começo ao fim da competição.
Com a Killjoy, Viper ou Sage em mãos, celinett mostrou que não precisa ser duelista para estar entre as melhores do ano no VZone. Com 6 títulos conquistados, a jogadora reapareceu entre as melhores jogadoras do Protocolo Gêneses #3 e #4.
Aprendizados e bold prediction
A B4 Angels mostrou ser uma das potências do Brasil no VALORANT. A equipe, que chega com força para 2022, está visando o mundial feminino do Game Changers, que reunirá os melhores times de diversas regiões. Para celinett, 2021 foi o ano que ela nasceu como jogadora.
“2021 foi um ano que eu aprendi muita coisa sobre o que é ser um profissional de esports, porque eu achava que sabia, mas o VALORANT veio e me mostrou que eu não sabia, que eu tinha muita coisa para aprender. O que eu fui evoluindo pra me tornar quem eu sou hoje, não só como jogadora, falo como pessoa também porque acontece coisas no competitivo que as vezes muda um pouco a sua própria personalidade como pessoa. 2021 foi provavelmente o melhor ano da minha vida e o pior, mas com certeza teve muito mais coisa boa do que ruim. Foi um ano que eu vejo que nasci como jogadora.”
Apesar de um ano vitorioso, celinett comentou que a equipe sempre tem a mentalidade de melhorar. “A gente tem esse sentimento de que: poderíamos ter feito melhor, a gente errou muito e estamos tentando muito melhorar nossos erros para poder ser um time mais sólido.”
A jogadora ainda revelou que o campeonato que mais gostou de jogar em 2021 foi a final do Game Changers Brasil Series 2 contra a Gamelanders Purple. Em um dado momento da final, celinett sentiu que o time virou uma “chave” e conseguiram voltar em um mapa que parecia que estava tudo perdido.
“Estávamos tomando de 10 a 4 no terceiro mapa já, muito difícil a situação pra gente ali porque era só elas terem colocado um 3 a 0 e fechado o placar. Mas eu não sei o que aconteceu com a gente ali e simplesmente ligamos algum botão. Eu vou pro jogo fazendo round a round, mas eu admiro muito quando todo o time tem esse mesmo estalo de que tipo: “que se f### o placar, vamos nessa”. A gente desliga o olhar do placar e só jogamos. Aquela Icebox pra mim, que estávamos 3 meses sem treinar, onde já achávamos que estava tudo perdido, e a gente simplesmente virou absurdamente e ganhamos, pra mim aquilo ali é VALORANT.”
“Não interessa se todo mundo falou que já acabou, se alguém falou que fulano ou ciclano é melhor, vamos jogar VALORANT, vamos nos divertir e fizemos isso do começo ao fim do mapa. Pra mim aquilo foi o melhor momento.”
No bold predicition, que no caso, as jogadoras presentes no Top 10 feminino no Brasil em 2021, comentam qual atleta estará presente no Top 10 do ano que vem. A celinett citou uma colega de equipe, Luisa “shyz” Minarelli.
“Em 2021 ela veio de um jogo completamente diferente do que ela estava acostumada, de um MOBA pro FPS. Esse ano ela já se destacou muito, mas acho que 2021 serviu mais pra ela entender como que funciona o cenário e o jogo para ela crescer como jogadora. Eu vejo muito potencial nela, vejo a shyz como uma promessa, ela não sabia nada e aprendeu muito rápido tudo. As pessoas vão se surpreender com ela.”, elogiou a companheira.
Com um ano repleto de triunfos, destaque pela B4 Angels, seis títulos conquistados e dois vice-campeonatos do Game Changers, a celinett é a 7ª jogadora do Top 10 das melhores no Brasil em 2021 pelo VALORANT Zone.