A aceitação pela profissão não convencional nem sempre é fácil. Atualmente, existem diversas áreas para trabalhar quando se fala em jogos eletrônicos. No entanto, ser jogador profissional muitas vezes não é o que as mães de muitos adolescentes veem como ideal. Por isso, nós do VALORANT Zone preparamos uma reportagem especial em comemoração ao Dia das Mães, para nossos leitores conhecerem as mães por trás dos talentos gamers.
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Mari Melara
Mãe do jogador, Gustavo “Krain” Melara, que atualmente está na Vivo Keyd Stars e da criadora de conteúdo Isabela “bela” Melara, Mari disse que o ambiente dos dois sempre foi um lar gamer. Ela conta que a família sempre gostou de jogos no geral e que a infância dos dois sempre foi assim.
“Aqui nesta casa só tem gamers. Nossa família se reunia aos finais de semana para jogar FIFA e Need For Speed. Rolava até troféu. Então, a casa sempre teve isso na veia. A Bela acompanhou o The Sims desde o lançamento. O Gustavo seguiu esta influência”.
O comum das mães é querer que os filhos cresçam em caminhos tradicionais, ou seja, façam faculdade, se formem e encontrem um bom trabalho e, na casa Melara, não foi bem diferente. Mari diz que como os outros pais, queriam que os filhos se formassem, porém a pandemia foi como ‘o divisor’.
“Ele sempre quis seguir essa carreira, mas nós pais, queríamos o diploma. A pandemia veio como o divisor. O Gustavo entrou em um time de VALORANT e trancou a faculdade. Como os jogos aconteciam on-line, fomos entrando na onda. Torcemos e vibrávamos na sala ao lado, rs. Bottom fraggers, fusion fraggers e de uma hora para outra vi o Krain saindo de casa para disputar camps pela Vorax”, conta.
Como todo processo não é fácil, durante a conversa, a mãe de Bela e Krain conta que foi um misto de alegria e preocupação, mas comenta que precisava apoiar os filhos nas decisões. Além disso, ela diz que ao ver as coisas em evolução, hoje acompanha todos os jogos e que a saudade sempre aperta, por estar longe.
“Foi um misto de alegria e preocupação. Afinal ele está seguindo seu sonho e se eu não o apoiar, quem o fará?! Desde então, sou fã de carteirinha. Torço e sofro a cada jogo. Morro de saudade, vivo arrumando motivos para ir visitá-lo, mas aceito que é a escolha dele e vou com ele até o fim. Sei que é um caminho muito difícil, mas ele sabe que estou aqui para apoiá-lo”.
Ela também disse que muitas mães ainda não entendem a profissão dos filhos, principalmente por ser fora do comum e deixou um recado para as outras mães.
“Incentivo que as mães ouçam seus filhos, orientem e apoiem porque é uma profissão difícil e eles precisam ter alguém para ser esse suporte, trabalhar a inteligência emocional. É uma profissão nova e apesar do meu coração tremer de preocupação, sinto que tenho que passar essa segurança para saberem que a qualquer momento estou aqui para eles”.
Thereza Martinho
“Eu já me emociono porque eu sinto muita saudades, porque a gente é muito amiga. Muito companheira uma da outra. Ela faz muita falta para mim.” Mãe da jogadora, Ana “Aninha” Luiza, que atualmente joga pela ODDIK, Thereza se emociona ao falar da filha.
Por ser a filha mais nova, Aninha nunca teve que se preocupar com o tempo em que ficava no computador, desde que se dedicasse à escola. Ao lembrar da infância da filha, Thereza diz: “Ela foi cada vez mais crescendo e se escondendo dos encontros familiares. Tava sempre no computador. Jogou Combat Arms, Counter Strike, Habbo…Ela nunca foi uma criança que brincava de boneca. Desde pequenininha já fuçava no computador.”
A escolha de se tornar um atleta profissional nem sempre é fácil. O apoio dos familiares também nem sempre é um conto de fadas. Thereza lembra como foi a sua reação com o início da carreira da filha.
“A visão que eu tenho hoje é completamente diferente. Gostaria de pedir perdão para minha filha. Às vezes eu criticava, sabe? Porque eu não proibia, mas eu criticava e ela não precisava da minha crítica. Ela precisava do meu apoio. O segredo não é cortar as asas do filho. O segredo é você orientar o voo. Essa profissão é uma profissão como outra qualquer. Não eram as minhas críticas que iam ajudar, mas era o meu apoio, o meu amor e isso sim fez toda a diferença.”
Além da rotina corrida, a distância também é um fator que afeta a vida das duas. Após sair de Campo Grande – MS em janeiro de 2022, Aninha hoje se mantém em São Paulo- SP por conta da profissão, enquanto a mãe Thereza continua no Mato Grosso do Sul.
Eu falo: “Filha, a gente mata a saudade quando você vier para cá, né? Eu vou vencendo cada dia, lembrando dela, da felicidade dela e do sonho realizado. A gente vai matando a saudade pelas chamadas de vídeo também.
Ao falar sobre a profissão da filha, Thereza se emociona e diz: “O mundo sabe que ela é pro player, pois eu faço muita propaganda. Às vezes ela fala “mãe, você é minha fã número um” e eu falo: “não filha, eu sou a sua fã número zero, porque eu estou antes do um de tão fã que eu sou.”
Odeiza Maria
“São três filhos que tenho e sem meus filhos eu nada sou. E, com o Erick longe, eu nem sei o que te falar porque a saudade é grande de mais. Tem dias que eu choro e choro, mas é a escolha que ele fez e se ele está feliz, nós estamos felizes né?”, suspira com voz de choro.
A dona dessas palavras é Odeiza Maria, mãe de Erick “aspas” Santos. Com uma família simples, do interior de Minas Gerais, ela contou como foi a infância do filho, que hoje é considerado por muitos, como o melhor jogador de VALORANT do mundo.
Durante a conversa, Deiza reforçou várias vezes o quanto fica feliz pelo filho e como a escolha dele foi importante para a família. Segundo ela, desde pequeno ele sempre gostou de jogar jogos, principalmente pela influência do pai.
“Erick sempre foi uma criança muito inteligente, desde que nasceu. Dormia pouco e era bem elétrico. Ele foi crescendo e o pai gosta muito de jogos e ele com 3 anos, já estava sentadinho ali para poder jogar, mexendo no computador”.
Desde a infância, aspas sempre buscou melhorar, mesmo que por entretenimento. Deiza explica que muitas vezes, o filho ficava a madrugada toda estudando o jogo e que chegava até chamar a atenção para ele dormir, pois tinha aula no dia seguinte.
“O tempo foi passando e ele cada vez mais focado nos jogos. A gente acordava a noite e ele estava acordado na frente do computador. Eu falava ‘vai dormir Erick que amanhã você tem aula’ e ele falava ‘to assistindo outros player jogar’ para cada dia ficar melhor”.
Como já dito pelas outras mães que participaram desta entrevista, para Deiza, aceitar a profissão do filho também não foi fácil. Ela conta como se sentiu, quando aspas se mudou para atuar profissionalmente pelo VALORANT.
“Fácil não foi né? Ver meu filho indo embora, mas eis o ditado. A gente não cria filho para a gente, e sim para o mundo. Ver que ele está feliz é o que importa”, ela ainda conta uma história sobre o apelido que chama o filho, puxixi.
“Quando ele era pequenininho a gente chamava ele era de puxixi, porque tinha uma arma que gostava muito de jogar com ela e quando ele matava ele gritava. ‘puxixi, puxixi!’ e pulava no meio da casa”.
Hoje, Erick está longe da família. O jogador disputa o VCT Americas League 2023 e mora em Los Angeles junto ao time da LOUD. Ao conversar com o VZONE, Deiza não poupou a emoção e chorou ao falar da distância do filho.
“Ai, a saudade… Só de falar eu choro. A gente nunca tinha se separado, era nós cinco. Eu, o pai, os dois irmãos e ele. A saudade é longa e eu sinto muita falta dele. Somos muito parecidos e quando é assim, sempre bate de frente, mas ele está fazendo o que gosta e o mais importante é ver ele feliz”.
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