Especial

“Apoiem as mulheres que estão nesse meio”, afirma AMD sobre cenário feminino

A comentarista e analista de VALORANT falou sobre a mudança de carreira, mundial feminino e futuro

Por quase 12 anos competindo no CS:GO, Amanda “AMD” Abreu decidiu se aposentar do competitivo da modalidade quando deixou a Havan Liberty. Mas a decisão não significou a saída dela dos esports já que continuou ativa em outra função, a de comentarista. Nesta temporada, a ex-jogadora decidiu apostar em um FPS que está bombando no Brasil, o VALORANT, fazendo parte da equipe de transmissão de vários torneios. Em entrevista ao VALORANT Zone, AMD comentou sobre a transição de jogadora para comentarista, estar em um cenário novo e planos para o futuro.

Mudança de carreira

“Quando eu decidi trocar de carreira muito por causa da minha lesão, eu tive tendinite crônica e isso acabou me deixando com uma lesão no braço esquerdo. Eu não podia praticar por tantas horas, quanto eu precisava para estar em alto nível, então por eu sentir que não estaria acostumada a um nível como antes, eu escolhi parar de jogar”, relembrou AMD quando parou de jogar competitivamente em junho de 2021.

A ex-jogadora contou quando participou pela primeira vez de uma equipe de transmissão e comentou um jogo. A oportunidade veio graças a um convite de uma amiga e, narradora, Bárbara “Babi” Micheletto.

Casting pra mim foi muito sem querer, porque na verdade eu fui convidada para fazer o mundial do Girl Gamer pela Babi Micheletto porque na verdade não tinha gente para comentar. Quando eu comentei pela primeira vez, foi só pelo fato de que eu entendia do jogo, até então eu só estava “conversando” sobre o jogo, eu não sabia que era boa naquilo até muitas pessoas me elogiarem, até muitos staffs internos falarem para eu investir nessa profissão, aí virou a chave.

Divulgação/CBCS

Apesar de ter experiência como comentarista no FPS da Valve e de ter conhecimento no jogo, a ex-atleta teve que se adaptar ao cenário de VALORANT, que estava no primeiro ano competitivo, com torneios internacionais.

“No começo era como um ‘bico’ de emprego, o problema foi que eu me apaixonei por isso. A mudança para o VALORANT não foi tão difícil, é um FPS, acho que o mais complicado é a complexidade de habilidades, as diferenças que tem, mas o estilo de jogo é o mesmo com dois lados, um defendendo e o outro atacando. O que diferencia mais do CS é a questão das habilidades.”

Mundial e cenário feminino

O VALORANT Champions 2021, a primeira edição do mundial do FPS da Riot Games aconteceu entre os dias 1 e 12 de dezembro. Ao lado da narradora Babi, a apresentadora Barbara “Bah” Gutierrez, a repórter Evelyn Mackus e a analista Letícia Motta, a AMD foi uma das novidades na transmissão oficial do Brasil e comentou como foi a sensação de estar presente na equipe.

“A ficha demorou um pouco a cair quando fui chamada. Foi difícil entender que eu estava no primeiro mundial, principalmente como mulher. Só consigo ter gratidão pelas pessoas que estão trabalhando comigo, todo dia eu aprendo alguma coisa, sei que tenho muito para evoluir, mas estar aqui pra mim é absurdo demais.”

No início do ano, a Riot Games anunciou o Game Changers, um projeto ao redor do mundo para ajudar a fomentar o cenário feminino de VALORANT. A desenvolvedora auxiliou diversos torneios com uma premiação de R$ 10 mil. No Brasil, ocorreram vários campeonatos e duas edições do torneio principal do Game Changers.

Foto: Reprodução/Twitter/AMD22K

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A ex-jogadora de CS:GO comentou como foi a construção do cenário feminino no FPS da Valve, as diferenças dos dois jogos e como a ajuda a erguer o desenvolvimento das jogadoras e das competições.

“No CS foi construído na raça e no amor, a gente nunca teve um apoio da Valve, nunca tivemos um apoio para o cenário feminino começar. Ele foi criado na unha por todas as mulheres, tenho muito orgulho de falar que tive iniciativa em alguns projetos, mas a realidade é que não foi fácil. Querendo ou não, o VALORANT tem esse apoio da Riot, o Game Changers abriu portas para inúmeras mulheres terem times, organização, conseguir viver do sonho. Porque no CS até hoje em dia a gente vê mulheres que precisam jogar e ter uma segunda renda, porque o valor ainda não é rentável para algumas pessoas viverem de CS. No VALORANT, hoje em dia já é possível isso acontecer e muito desse apoio da Riot, dos campeonatos que fomentam o cenário feminino fazem as empresas contratarem mais mulheres então foi muito diferente.”

A multicampeã também falou da comunidade do FPS da Riot, que também tem diferenças comparado ao CS. A carioca relatou a experiência que teve sobre o primeiro jogo que comentou no CS:GO.

“Acho que esse foi o principal carinho que eu peguei pelo jogo, que me fez vir pra cá para trabalhar com tanto amor e uma coisa que eu sinto, falando da comunidade, é muito mais receptiva no VALORANT. No CS, a primeira vez que eu comentei foi um jogo misto, eu nunca vou me esquecer dessa partida, foi um mundial que teve, foi G2 contra MIBR e eu tomei uma chuva de hate. Acho que foi um dos dias mais difíceis pra mim porque quando você toma hate jogando, eu estava acostumada, mas eu estava falando sobre algo que eu entendia e tinha tomado hate, aí pensei: eu literalmente não entendo nada de CS mesmo tendo 12 anos dentro do jogo. No VALORANT eu sempre senti a comunidade abraçando, tem muita mulher que está nesse meio, somos a maioria, mas hoje em dia, botar mulheres como os rostos das transmissões que é o que a Riot faz, traz mais garotas para se identificarem, assistir aos jogos então a comunidade sempre foi muito receptiva desde o meu primeiro dia.”

Projetos e 2022

Para o próximo ano, AMD comentou que está trabalhando em um novo projeto com alguns nomes familiares do cenário e que, logo será revelado ao público, mas ainda não tem uma data definida.

“Vou deixar no ar, tenho um projeto grande para o ano que vem, ainda não tem uma data definida porque estou com muito carinho por esse projeto e estou com algumas amigas. A gente está com um projeto bem grande, mas porque queremos que ele seja tão perfeito, nós vamos dar alguns passos para trás para depois dar um passo maior. Era para ser esse final de ano, mas o que eu posso dizer é que vai ser um projeto histórico a nível de cenário de esports aqui no Brasil.”

Equipe de casting do VALORANT Brasil. Reprodução/Twitter/AMD22K

A comentarista também deixou um recado para a comunidade de VALORANT e aos torcedores para apoiarem a cena competitiva feminina no Brasil.

“Estou muito feliz com tudo o que está acontecendo recentemente para o cenário feminino, e se puder deixar um recado, é para apoiar o cenário feminino, apoiem as mulheres que estão nesse meio porque você apoiando, você está ajudando a comunidade a se fortalecer, a gente a garantir nosso espaço.”

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