Especial

Fisioterapeuta explica impacto da saúde mental e física nos esports: “Uma condição de vida boa”

Profissionais da Liberty explicaram os benefícios de cuidar da saúde mental e física

Há algum tempo o cenário de esports conseguiu se expandir para outras áreas e cada vez mais tem mostrado a importância de cuidar da saúde mental e física. O VALORANT Zone conversou com Vitor Kenji, fisioterapeuta, e Ricardo Eid, médico especialista na medicina do exercício e do esporte. A dupla falou sobre a necessidade de cuidar do corpo, o impacto da saúde na profissão e mais.

No cenário de esports desde 2017, Kenji comentou sobre essa valorização da profissão. O fisioterapeuta explicou que os jogadores estão se preocupando mais com sua saúde.

“Eu acho que agora, os times estão começando a investir muito mais. Os próprios jogadores já estão vendo que é muito importante ter isso na rotina deles, de ter um médico, um ‘fisio’, um preparador físico. A comunidade dos jogadores estão ajudando muito isso, eles já estão vendo que está trazendo benefícios”, explicou Kenji.

Ricardo Eid complementou sobre a necessidade de se cuidar e explicou que alguns jogadores param de atuar cedo por causa de problemas. “Queremos que eles tenham uma condição de vida boa, uma qualidade de vida, mas que ele tenha performance por maior tempo possível.”

Divulgação/Liberty

Além dos cuidados físicos, principalmente para não sofrer lesões nos braços, punhos e até nas costas como alguns jogadores sofrem com hérnia de disco, Eid explicou que a conscientização está mudando, principalmente para o cuidado mental.

“Vai fazer 3 anos que estou nos esports e eu acho que estão (cenário) se preocupando cada vez mais tanto com saúde mental quanto física. Sinceramente, acho que vai ter menos espaço pra equipes serem competitivas não tendo uma equipe multidisciplinar de apoio. Acho que vai ficar mais profissional assim como as modalidades esportivas tradicionais, tem fisiologista, preparador físico, nutricionista, psicólogo, não é só trabalho de campo, igual no futebol por exemplo. Isso está evoluindo.”

Sobre uma rotina ideal que os jogadores deveriam ter, a dupla explicou que não existe nenhuma receita mágica, mas que trabalham junto da comissão técnica para acompanharem a evolução dos atletas e, caso aconteça algo, a equipe estará preparada pra tratar o jogador.

“Em relação aos treinos, a gente sempre falava no departamento da saúde que tem que treinar com qualidade. Se o jogador vê que está ficando cansado, que já não está rendendo tão bem, sempre estamos em contato com a comissão técnica pra ter esses feedbacks. Por exemplo, na Liberty, a gente costuma realizar todas as atividades físicas, fisioterapia a psicologia antes deles começarem a treinar. Há uma rotina que a gente vem seguindo e vemos que contribui para a performance deles”, pontuou Kenji.

“O que nós buscamos é não só transformá-los só em jogadores, mas terem uma rotina muito mais próxima de um atleta de rendimento. Isso envolve uma rotina de dia a dia e até mesmo controle de carga de treino, muitas vezes não é jogar o máximo que dá, precisa jogar com qualidade. Se você jogar 10 horas seguidas, mas se não estiver ativamente prestando atenção e trabalhando isso, você vai desperdiçar boa parte do seu tempo“, acrescentou Eid.

O médico da Liberty também falou sobre os treinos dos esportes tradicionais, já que existe o fator físico, nos esports, os atletas muitas vezes trabalham incansavelmente e acabam tendo resultados negativos pela exaustão.

“Nos esportes tradicionais há um ‘problema’, tem a limitação física, ele fica exausto e não consegue mais treinar, mas nos esports eles conseguem irem mais longe, eles não percebem mas acabam trabalhando até errado. É mais fácil ultrapassar os limites e não percebem que estão treinando errado, reforçando comportamentos errados. Tem que ter uma rotina mais próxima possível de atleta.”

Apesar de muitos jogadores e organizações terem consciência de que cuidar do corpo e do mental é o ideal, alguns atletas não trabalham tanto assim. Há inúmeros casos de jogadores que deixaram de se cuidar para focarem no jogo, seja competitivo ou em stream. Kenji comentou e deu Gabriel “FalleN” Toledo, lenda do CS:GO, como exemplo.

“A gente vê o jogador que ele cuida da saúde mental, saúde física, ele se sobressai mais que um jogador que não se cuida. O próprio FalleN falou no Flow Podcast, que antes ele não cuidava tanto da saúde física e mental, mas agora com a Imperial tendo psicólogo, fisioterapeuta, eles estão realmente vendo que está trazendo benefício. Ele até falou: Olha, o pessoal que está chegando agora, é muito importante, se eu tivesse me cuidando bem antes, talvez a minha qualidade de vida estaria bem melhor agora pra estar jogando. Eu vejo que o pessoal das antigas estão começando a ver agora esse benefício e é muito importante eles falaram disso.”

“Quando a gente fala de atleta, de alto rendimento, a gente sabe que não é saúde, eles sabem que ficam sempre no limite, vão ter lesões, e nos esports é a mesma coisa no final das coisas, eles vão ter lesões, a questão é quando vão aparecer. Se a gente conseguir deixá-los na melhor forma possível, prevenindo de acontecer, carreira mais longeva, performance melhor, não tem que se preocupar. A gente consegue prevenir isso”, finalizou Eid.

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