Vários foram os jogadores que, neste ano, enxergaram no VALORANT uma segunda chance de realizar o sonho de se tornar um profissional no FPS. Desde nomes que não conseguiram um espaço no holofete da modalidade, a atletas que alcançaram o topo do Brasil, mas em gêneros diferentes, como fez Gustavo “Sacy” Rossi.
O jogador faz parte da leva daqueles que começaram a competir muito cedo, com apenas 11 anos, no Counter-Strike: Source, mas que acabou migrando para outro jogo já que tal versão do CS não é bastante badalada no Brasil. Daí se aventurou no League of Legends, onde virou ídolo com títulos e participações internacionais.
O retorno “para casa” aconteceu com a chegada do FPS da Riot Games, no qual o atleta vem brilhando. E, hoje, Sacy é considerado um dos 10 melhores jogadores do ano pelo VALORANT Zone.
DE PAI PARA FILHO
O amor de Sacy pelos games foi passado de pai para filho, com o atleta tendo o primeiro contato com os jogos eletrônicos por volta dos nove anos, quando começou a frequentar as lan houses e, lá, ter contato com vários títulos.
“Meu pai me levava bastante para as lan houses e comecei a jogar CS dalí. Mas meu pai é, meio, que viciado em games. Era o hobby dele. A gente jogava muito Team Fortress clássico. Teve uma época em que ele jogava Gunbound e eu Grande Chase. A gente foi bem do mundo dos games“, contou o jogador.
Muito por conta disso, Sacy não passou pela conhecida dor de cabeça dos pais não entenderem do que se trata os esports.
“Para não ser injusto, foi bem mais tranquilo. A galera que jogava comigo sofria muito porque os pais não entendiam muito sobre, ainda mais porque o cenário não era tão estruturado como é hoje“, comentou.
Também cedo, com 11 anos, Sacy começou a competir no Counter-Strike, mas na versão Source. Vários foram os campeonatos que ele teve a oportunidade de disputar, inclusive contra grandes times do cenário nacional como YeaH e TargetTDown.
LOL: EM BUSCA DO SUCESSO
No período em que Sacy dava os primeiros passos nos esportes eletrônicos, surgia no mundo o fenômeno chamado League of Legends e a decisão de migrar para o MOBA do Riot porque o cenário do Source “era muito pobre, tinha pouca estrutura e investimento“.
A trajetória do jogador no título começou aos 15 anos e a ascensão foi meteórica, com Sacy conseguindo chegar ao principal torneio do país, o CBLoL, aos 17, a idade mínima para jogar.
Os primeiros resultados no jogo foram modestos, como um vice na Xtreme League #5 e uma “medalha de bronze” na Brazil Mega Cup 2015, até que em 2017 a organização a qual Sacy representava decidiu montar um dream team e nele Sacy foi um dos responsáveis pelo título da RED Canids Kalunga no 1° Split do CBLoL daquele ano e também no Rift Rivals contra os latinos.
CHAMA REACESA
“FPS sempre foi minha paixão de adolescência, só que nunca tive a oportunidade de jogar um FPS como profissional“. Foi desta forma que Sacy resumiu o porque decidiu migrar de jogo.
Com a chegada do VALORANT, o jogador viu surgir uma segunda chance de competir no mais alto nível em uma modalidade no FPS, a qual decidiu se dedicar 100% por simplesmente ser gerenciada pela Riot.
“Provavelmente, se fosse outro jogo de FPS sem ser pela Riot eu não entraria de cabeça. O que me deu mais confiança de fazer essa migração foi o fator Riot e porque eu sabia que ela não ia brincar com o jogo“, apontou.
Poucas foram as dificuldades que Sacy passou ao migrar para o jogo porque, de acordo com o próprio, sempre nas férias da época em que competia no LoL acabava jogando outros FPS.
“Quando cheguei no VALORANT, a noção de CS que eu tinha, de clutch, movimentação, era meio que uma memória muscular. Não estava tão boa quanto hoje, por questão de prática, mas não foi difícil alcançar o ritmo de volta“, revelou.
Na adaptação, Sacy precisou somente se acostumar com a velocidade de movimentação dos personagens e o slow causado pelos tiros que toma: “Eu fiquei com a cabeça aberta porque é um jogo novo, que é para ser um jogo diferente. Então, eu falei que tinha que aprender a lidar com isso porque eu nunca vi isso em outro jogo“.
XÔ, PRECONCEITO
No início da caminhada no VALORANT, Sacy precisou se provar para quebrar o preconceito que muitos tinham contra ele por só conhecerem a parte da carreira em que competiu no LoL.
“(O começo) foi difícil porque tinha muito preconceito. A galera só conhecia o Sacy do LoL, mas pensei que se eu subisse de ranque, ir para o Radiante, eu ia conseguir mostrar que sou bom e a galera ia começar a me acompanhar. Deu certo”, disparou.
OBRIGADO, PEPA
Inicialmente, os planos de Sacy com o VALORANT era de somente ser um criador de conteúdo. Tudo mudou graças a Matheus “PEPA” Coletto, que convenceu o jogador a competir após muito insistir.
“Eu não ia jogar competitivo. Querendo ou não, quando parei de jogar o LoL e migrei para o VALORANT, minha intenção era ser criador de conteúdo. Para falar a verdade, o pepa me enxeu tanto o saco para jogar junto com ele, que eu acabei abraçando a ideia. Meio que falei que não ia deixar de streamar, mas que ia focar o competitivo“, revelou.
Cada vez mais que Sacy jogava VALORANT, a vontade de melhorar só aumentava e os primeiros passos na modalidade só aumentaram o desejo do jogador em continuar. E os treinos iniciais serviram para o jogador voltar a ter gana em competir.
“Era uma sensação que fazia muito tempo que não sentia. Você competir é uma sensação que não dá para explicar direito, só jogando para entender. Sempre fui muito competitivo e voltar a esse cenário, ver que eu estava mandando bem, fizeram com que minha sede por competição voltasse“, afirmou.
EM PROL DO TIME
Diferente de outros jogadores que escolheram os agentes por terem se apaixonado por eles, Sacy começou a jogar de Sova para poder ajudar o time, que não tinha nenhum main, e também por sentir facilidade em masterizar o personagem.
“Sabia que sacrificasse um pouco do meu tempo eu iria conseguir masterizar o boneco. Eu acabei me tornando muito bom com ele e não esperava. Bem que o boneco encaixou comigo, mas eu não queria jogar muito com o Sova não“, revelou.
Mas a flexibilidade de jogar com agentes de várias funções é a principal característica de Sacy, na opinião do próprio: “Sinto que faço um bom trabalho com duelista, que mando bem com os smoker porque eu consigo dar boas calls. Independente do time que estiver, eu consigo me adaptar a qualquer função e isso é bem importante para os jogadores de VALORANT“.
Tal facilidade é uma herança da época em que competiu no League of Legends.
DE DEGRAU EM DEGRAU
O nome de Sacy passou a ser bastante comentado no competitivo de VALORANT em junho, quando a equipe que defendia na época, DefkoN, foi responsável por eliminar a Gamelanders na seletiva para o Fusion New Rivals. A classificação acabou não acontecendo, mas ali um vislumbre do sucesso futuro pôde ser visto.
Outras boas campanhas foram realizadas nos meses seguintes, como a chegada nas semifinais da segunda etapa do VALORANT Zone Invitational, até que em setembro o cenário brasileiro viu o melhor do Sacy dentro dos mapas.
Neste mês, já pela BADARANTS/VIMDOLOL, conseguiu chegar nas semis do Gamers Club Ultimate 2, perdendo a chance de disputar o título para a NO.ORG 2.0 – equipe que sagraria campeã – e foi finalista no Evolution Tournament Brazil.
Nesse torneio em questão, segundo Sacy, a melhor performance aconteceu, a qual até o deixou surpreso.
UM NOVO CAPÍTULO
Após quase cinco anos defendendo a RED Canids, Sacy se despediu da organização em novembro, pouco tempo depois do time não conseguir se classificar para o First Strike, fato este que a experiência adquirida nas outras modalidades ajudou superar.
“Obviamente ainda é uma decepção, uma coisa meio triste, mas eu não estava com a cabeça assim. Já perdi tanto no LoL, já tive derrotas muito mais frustrantes que quando cheguei no VALORANT, cheguei com o pé no chão. Para mim já era importante estar entre os melhores. A classificação era esperada, mas quando não aconteceu eu falei ‘tá tudo bem, o jogo está apenas começando’. Por mais que não tenha conseguido se classificar, não levou para o coração“, garantiu.
O novo capítulo na carreira do jogador se chama Team Vikings, o qual é um dos reforços apresentados pela organização para 2021: “Eu precisava ver esses novos ares. Não tenho nada contra RED. Sempre vou ser muito grato a eles, mas eu ainda queria ter essa experiência de representar outra organização“.
MELHORES DO BRASIL? SURPRESA!
Sincero, Sacy admitiu estar surpreso em ser eleito um dos melhores do Brasil já nos primeiros seis meses da modalidade.
“Minha meta, quando vim para o VALORANT, eu queria ser um dos maiores criadores de conteúdo. Mas, logo após os resultados nos campeonatos, eu botei muito mais fé em mim mesmo. Não era algo que esperava, mas estou muito feliz que esteja acontecendo“, admitiu.
META PARA 2021
As metas de Sacy para a próxima a próxima temporada já estão traçadas: “É se tornar um campeão no VALORANT, fazer o melhor time acontecer e vou dar meu sangue nesse jogo. Vou fazer de tudo para ser um dos maiores do Brasil“.