Especial

Os melhores no Brasil em 2023 – Gabriel “shion” Vilela (9)

Jogador viveu um 2023 consistente, num ano irregular da 00 Nation

Amadurecido, mas ainda muito sonhador, Gabriel “shion” Vilela viveu um 2023 consistente, num ano irregular da 00 Nation. Hoje, shion não é apenas o maior bíceps do VALORANT nacional, mas sim um jogador mais completo e capaz de variar de função e manter a qualidade.

Paulistano, shion mudou completamente o estilo de vida para se dedicar de corpo e alma ao VALORANT. E em 2023 volta a lista de melhores jogadores, desta vez na 9ª colocação.

Da era dos jogos clássicos ao PC

Aos 28 anos, ele pertence a uma geração que teve contato com consoles antigos, aqueles que exigiam que você assoprasse as fitas se ocorresse algum erro de leitura ao iniciar o jogo. Enquanto está cercado por pessoas mais jovens, shion não tem problema em assumir o rótulo de “tiozão”, mesmo que muitos deles nem saibam o que é um Mega Drive.

Desde criança eu tenho essa relação com os games. Desde o Mega Drive com cartucho com o jogo do Sonic, passando pelo Nintendo DS e indo até o Xbox 360, meu último console. A minha história no FPS começou quando entrei pela primeira vez em uma lan-house, aos 9 anos de idade. Era época de transição entre o Counter-Strike 1.5 e 1.6“, disse shion.

Enquanto muitos optaram por jogar e permanecer no jogo da Valve devido à ação intensa e às partidas presenciais barulhentas nas lan-houses, shion demonstrou mais uma vez que valoriza não apenas a força física e os tiros, mas também a estratégia e a coordenação em grupo necessárias para alcançar a vitória: “Desde então, continuei jogando Counter-Strike por causa da estratégia e da tomada de decisões coordenadas em grupo que eram essenciais para vencer“.

Apesar de ser reconhecido atualmente pelo alto nível que sempre demonstrou no Counter-Strike, como foi mencionado no Spike Site com o jogador, shion teve um período de devaneio e deixou de lado as partidas do FPS da Valve para se dedicar ao Ragnarok, um jogo que também tinha uma grande paixão. Por isso, ele admitiu que não participou de muitos torneios de Counter-Strike, e nenhum deles teve relevância.

Início da carreira no VALORANT

Após ter perdido tanto tempo sem poder se dedicar plenamente ao cenário competitivo, shion não repetiu o mesmo erro quando VALORANT foi anunciado. Mesmo já tendo uma vida profissional e uma carreira considerada normal pela frente, o jogador da Liberty ressaltou que tornar-se um jogador profissional foi um dos primeiros pensamentos que lhe ocorreu ao saber do lançamento do projeto da Riot Games.

Quando VALORANT foi anunciado, meu desejo já era entrar no cenário competitivo, mesmo antes de saber como o jogo seria. Sabendo que a mecânica e a estrutura de gameplay seriam semelhantes ao que eu havia experimentado por anos no Counter-Strike, acredito que minha experiência prévia me ajudou a entrar no cenário profissional mais facilmente“, declarou.

Não surpreendentemente, o primeiro registro de shion em uma equipe aconteceu apenas um mês após o lançamento oficial de VALORANT. Em 1º de julho de 2020, ele se juntou à equipe NOTRAB, que também contava com a presença de Rodrigo “myssen” Myssen no elenco. Os dois seguiram jogando juntos e formaram a base que formou a Liberty em agosto.

Embora já estivesse praticamente estabelecido em sua vida, shion revelou que o processo de convencimento para tornar-se um jogador profissional de VALORANT não foi tão difícil. Continuando seus estudos na faculdade e trabalhando, ele simplesmente comunicou que estava disposto a deixar tudo para se unir à equipe em Brusque, Santa Catarina, onde está localizada a sede da Liberty.

Com o VALORANT foi fácil. Eu já tinha 24 anos, fazendo faculdade e trabalhando. Houve uma surpresa quando eu comuniquei que iria largar o meu emprego para ir para Brusque, sede da Liberty, em Santa Catarina. Mas, dessa vez, as coisas foram mais fluidas. Tive o apoio deles e, hoje, assistem a todos os meus jogos e torcem muito por mim“, compartilhou o jogador.

Ano mágico de 2021

O ano mais mágico na carreira de shion até o momento foi em 2021. Na Liberty, a mágica associação de três iniciadores surpreendeu tanto os adversários no Brasil, que ninguém foi capaz de parar. O resultado: ganharam uma vaga no Masters Berlin, onde ele teve a primeira oportunidade de disputar um internacional.

Se me dissessem no início do ano que, no fim, nos tornaríamos uma das principais equipes do cenário, ganharíamos dos grandes times e iríamos para Berlim disputar o Masters e alcançar o que alcançamos, eu provavelmente teria duvidado da sanidade dessa pessoa“, brincou o jogador.

shion no Masters Berlin
Colin Young-Wolff/Riot Games

O 2022 inexplicável

A Liberty de shion inicia o ano de 2022 com a expectativa muito alta. Mantendo a base de 2021, o time entrou no Challengers Brasil como um dos favoritos.

Porém, inexplicavelmente a equipe não se encaixou mais. No Challengers 1, apenas uma vitória e a queda para o Relegation. Sem sufoco, se manteve vivo para o Challengers 2. Na segunda etapa, uma campanha ainda pior, com nenhuma vitória e um final amargo para o projeto que teve um momento mágico menos de um ano antes.

shion
Bruno Alvares/Riot Games

Questionado sobre os motivos da situação, shion, com sinceridade, não soube explicar.

Pra ser bem sincero, até hoje eu me pergunto isso. Eu achava que tínhamos um time super forte, estávamos com experiência internacional, nosso clima como time era incrível e nossos treinos sempre foram muito bons, o resultado das partidas era sempre no detalhe“, comentou.

Casa nova e nova história

Após quase dois anos de Liberty, shion deixou a organização e fechou com a 00 Nation. Uma mudança que trouxe um ar de alívio, já que o jogador tentava partir para uma nova história após a temporada de 2022.

Uma das coisas que busquei nessa troca de organização foi novos ares, novas visões de jogo, novas experiências, sinto que eu precisava disso pra evoluir. E eu consegui, valeu a pena“, revelou shion.

Além disso, a 00 Nation formou uma forte equipe, com Arthur “artzin” Araujo, destaque da Stars Horizon e Benjamín “adverso” Poblete, um dos grandes nomes da Leviátan. Tanto é, que o objetivo era claro: ter uma grande desempenho no VCB e brigar pela vaga do Ascension.

Porém, nada deu certo para a equipe no primeiro split do Challengers, que acabou terminando na penúltima colocação.

Mudança de line-up e de rota

Com o desempenho desesperador no primeiro split, a 00 Nation optou por fazer duas alterações em sua escalação. A chegada de Alexandre “xand” Zizi e Gabriel “bezn1” Costa. A dupla agregou positivamente na equipe que passou a ter um bom desempenho nas partidas.

Os dois são muito experientes, já sabiam se portar dentro do servidor de uma forma mais adequada, a adaptação e o estilo de jogo agressivo combinou bastante com o time no geral. Também são pessoas fáceis de lidar na convivência do dia a dia e isso agregou para criar um ambiente mais leve“, disse shion.

A mudança foi nítida. A equipe saiu da penúltima colocação no split 1 para o vice-campeonato no split 2. De quebra, a equipe garantiu a vaga no Ascension Americas.

Bruno Alvares/Riot Games

Fim da temporada e do sonho

A 00 Nation chega para o Ascension com uma dura disputa contra os times da América do Norte. Mas, mantendo o objetivo do início da temporada, a equipe acreditava que poderia ficar com a vaga.

A equipe conseguiu uma suada classificação na fase de grupos e foi para os playoffs com espectiva de ir longe. Mas, uma surpreendente queda, não para uma equipe estadunidense, e sim para colombiana, atrapalhou demais o time. 

O jogo contra a FUSION começou bem esquisito na Ascent, a composição deles eram totalmente diferentes do que qualquer coisa já vista antes, e o estilo de jogo que eles colocaram durante a partida tava diferente do que imaginávamos e resultou numa leitura pífia da nossa parte. Infelizmente tivemos esse resultado no primeiro mapa e acabamos perdendo o segundo mapa por muito muito pouco“, explicou.

A derrota para a FUSION complicou demais a situação da 00 Nation. Depois uma nova derrota para M80 acabou com a temporada da equipe.

Bruno Alvares/Riot Games

Shion: um jogador moderno

Hoje, é consenso que para ser um grande jogador de VALORANT precisa ter skill apurada e ser capaz de garantir rounds-chave para sua equipe. Além disso, desempenhar sua função in-game de maneira impecável. Shion é um desses casos. É um iniciador completo, que consegue abrir áreas, dominar regiões. Além disso, é capaz de vencer rounds impossíveis com boa leitura e eliminações. 

Isso reflete nos números absurdos ao longo de 2023. shion atinge um kast – porcentagem de rodadas em que o jogador matou, deu assistência, sobreviveu ou foi tradado – de 75%. Isso significa que em ele contribuiu para a equipe em 3/4 da partida.

Outro ponto a se destacar, é sua força em clutchs. Foi líder nesse quesito durante o segundo split do VCB com 30% de vitórias em situações adversas. 

Arte/VALORANT Zone

Manter-se em um cenário de indefinições

shion começa 2024 no meio de incertezas. Assim como grande parte dos jogadores do cenário, shion está sem equipe e não esconde sua insatisfação.

Não tenho grandes expectativas pra próxima temporada no Brasil, sei que vai ser um ano difícil pra todo mundo que joga aqui, se não for o pior ano. Uma parte dos jogadores que estavam no cenário desde o começo buscou outra coisa/função e, se a Riot continuar com essa abordagem pro cenário doméstico, as coisas só tendem a piorar“, disse.

Por fim, assim como outros jogadores, shion também sugere melhorias para o tier 2 brasileiro.

Uma coisa que mudaria o panorama competitivo no Brasil seria o acesso a eventos internacionais, como um Masters, assim como era antes da Franquia. Talvez através de um “pré-Masters” com os times das ligas domésticas e últimos colocados no VCT“, sugeriu.

Acredito que o “caminho pro Ascension” precise ser reestruturado, não é algo que as organizações vejam como justificável para investir um ano todo num time que, se perder algumas partidas, praticamente tem seu ano desperdiçado e não vai jogar mais nada“, finalizou.

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