Você acredita em destino? Em coincidências? Um jovem jogador de futebol, lesionado, encontra nos jogos eletrônicos uma resposta para os momentos de recuperação e para as inseguranças e o nervosismo a respeito do futuro de sua carreira. O que era para ser uma distração ganha seriedade, e João “Brinks” Victor já contabiliza quase 10 anos nos esportes eletrônicos.
No VALORANT desde 2020, Brinks teve passagens por diversas organizações de grande destaque no cenário competitivo brasileiro. Este ano, colhe os frutos pela dedicação em sua carreira, conquistando a 8ª colocação na lista dos melhores jogadores de 2023 feita pelo VALORANT Zone.
Do futebol ao FPS
Brinks sempre gostou dos esportes. Começou a jogar futebol cedo, com cerca de cinco anos, mas em 2012 teve duas lesões que o afastaram dos gramados. “Como eu era pequeno, não tratei bem e sempre sentia dores”, conta o jogador. O jovem atleta largou o esporte em definitivo após ter dificuldades para participar de uma peneira, nome dado a seleção de jogadores de base feita pelos clubes.
Com mais horas livres, Brinks dedicou mais tempo na frente das telas. Jogava Grand Chase, Counter-Strike e outros games. Essa proximidade o levou a conhecer os esportes eletrônicos e, com os amigos de sua rua, começou a competir no Crossfire.
A ascensão da carreira do atleta foi bastante meteórica. Teve um ótimo ano de estreia em 2014, e foi contratado por um time profissional em 2015. No ano seguinte, conquistou seu primeiro título presencial e foi considerado um dos jogadores de maior destaque no Brasil no Crossfire.
Brinks conta que em 2017 se tornou o melhor jogador do país no FPS em questão, indo morar na China com a Operation Kino para disputar a liga chinesa no final do ano. Voltando para o Brasil, Brinks não deixou o alto nível do competitivo no Crossfire, até que em 2020 ouviu rumores sobre o lançamento de um novo jogo desenvolvido pela Riot Games.
Do Crossfire para o VALORANT
Brinks conta que, com o surgimento do VALORANT, ele e muitos outros jogadores decidiram migrar para o FPS da Riot Games. “Migrou todo mundo junto: eu, pANcada, Akemy, mNdS. A gente sempre foi muito amigo no Crossfire, todo mundo se conhecia”, explicou.
Apostando alto na mudança de jogos, Brinks encontrou algumas dificuldades no início de sua carreira. O jogador revela que precisou treinar em dois jogos diferentes durante os primeiros meses no VALORANT, pois ainda tinha contrato com seu time no Crossfire quando foi convidado a jogar pela Team Vikings. “Para mim, foi muito desgastante“, desabafa.
Ao lado de Matheus “deNaro” Hipólito e Gustavo “gtn” Moura, antigos colegas no Crossfire, a primeira experiência de Brinks também foi difícil coletivamente. O atleta revela que a intimidade entre os jogadores daquela equipe levou a discussões mais sérias, que foram impactando a equipe com o tempo.
Arrependimentos
Chegando como um dos atletas mais experientes do cenário por conta de sua carreira no Crossfire, Brinks teve passagens por diversos times brasileiros, como a Stars Horizon e a Gamelanders Blue. Apesar de ter feito parte das melhores equipes brasileiras, Brinks tem um arrependimento em sua carreira: o fato de não ter investido em sua ferramenta de trabalho mais cedo.
Por jogar um FPS mais anteriormente, Brinks não se preocupou em melhorar seu computador nos primeiros anos de VALORANT. Refletindo atualmente, o atleta conta que sente que poderia ter sido melhor se tivesse investido na ferramenta, para ter um melhor desempenho durante os anos anteriores:
“Mesmo jogando bem individualmente, eu poderia ter feito mais. Eu poderia ter ido muito melhor. Fui comprar um computador em 2022. Dois anos após migrar para o jogo. A única coisa que me arrependo é de não tiver investido antes, porque eu poderia ter conquistado muito mais coisas. Me destacado muito mais individualmente”, conta.
Melhor jogador nos playoffs do Challengers Brasil Split 1 em 2023
A chegada do formato de franquias trouxe muita insegurança para o cenário brasileiro do VALORANT. Ainda assim, Brinks não deixou de se dedicar ao VALORANT, se destacando em 2023 como um dos melhores jogadores do ano. Conquistando a vaga para o Challengers Brasil com a TROPICAOS em 2022, o jogador seguiu na equipe durante o Split 1 de 2023.
A base da equipe, formada por Brinks, Rafael “mNdS” Mendes e Vinicius “v1nny” Gonçalves, já tinha a experiência e o entrosamento por conta do tempo em que jogaram Crossfire. Brinks conta que os três jogadores gostariam de completar a equipe com pessoas novas, com muita mecânica individual, que pudessem ser moldados visando crescer juntos competitivamente.
A equipe saiu da fase de grupos da competição na 6ª posição, conquistando a última vaga para a fase final do torneio. Foi neste momento que Brinks se destacou, dando um gás maior para a equipe na competição. Vencendo a ODDIK na primeira rodada, a TROPICAOS caiu para a Red Canids na série seguinte, mas seguiu viva após uma vitória sobre a TBK Esports.
Contra a Keyd Stars, a série foi bastante parelha, mas a equipe não deu espaço para o time de Brinks, vencendo por 2 a 0. Mesmo terminando na 4ª colocação, o desempenho individual do atleta foi impressionando, terminando o torneio com o melhor rating dos playoffs. O jogador chegou a ter uma relação de Abates/Mortes de 1,5 e o maior rating desta fase do torneio: 1,31.
De mudança novamente em 2023, Brinks encontra ótimo ambiente na TBK Esports
No segundo split, Brinks volta a mudar de time. O ótimo momento que viveu no final do torneio anterior lhe proporciona uma mudança boa na carreira, afirma o jogador. “Foi o time que mais gostei de jogar, com pessoas de mentalidade boa. Os caras sempre sabiam lidar com os problemas, conversavam, além de serem bons jogadores”, conta o atleta.
O novo time de Brinks garantiu uma vaga nos playoffs do Challengers BR Split 2 com 4 vitórias e 3 derrotas, mas não teve muito espaço na fase final. A primeira partida terminou com uma derrota, para a ODDIK, por 2 a 0, levando a equipe para a chave inferior do torneio. Jogando pela vida, enfrentaram a Keyd Stars.
Segundo o atleta, a TBK poderia ter chegado mais longe se não fossem os deslizes cometidos na série contra a Keyd. A equipe chegou a liderar o 3º mapa pelo placar de 12 a 8, mas cedeu ao empate e terminou com derrota na prorrogação, por 17 a 15.
Estatísticas gerais do Brinks em 2023
Brinks se destacou na função de flex em 2023, apesar de sua vasta experiência como controlador. O atleta usou mais vezes os agentes KAY/O, Raze e Breach, demonstrando sua flexibilidade quanto a sua função dentro do jogo, podendo servir como suporte, duelista ou até mesmo o iniciador que realiza as trocas em uma partida.
O atleta teve um ACS médio de 203,1 durante o ano, com o quinto melhor K/D da lista de melhores do ano: 1,09. Brinks também teve um ótimo impacto no ano, com um ADR de 131,8 e a melhor taxa KAST da lista, com impressionantes 77,59% no ano.
Futuro ainda é incerto
Dispensado pela TBK Esports após o final da temporada regular, Brinks ainda não sabe o que fará em 2024. O jogador recebeu propostas para jogar no Crossfire e no VALORANT, mas ainda avalia qual caminho seguirá no futuro. “Acho que provavelmente vou ficar no VALORANT, porque eu vejo que é um jogo que pode ficar melhor no futuro. Pior do que tá, não dá”, brinca o jogador.
Destaque como flex em 2023 e experiente controlador do cenário, Brinks pode aparecer em ambas as funções no próximo ano. “Fiz um teste na MEG [Multiplatform Esports Games] jogando de controlador. Foi um resultado bastante positivo, eu me senti bem. Como flex, foi a função que mais me destaquei no ano“, explica o atleta. “Sempre fui um jogador de sobrar para clutches. Eu sempre me dei bem, é uma situação em que gosto de jogar”, completa Brinks.
O profissional pretende continuar apostando na sua melhora individual e na recuperação do cenário brasileiro. “Apostar nessa melhora e seguir o trabalho que já vem sendo feito. Cada ano que passou, eu continuei evoluindo. Quero dar sequência para estar nas franquias na próxima janela de transferências”, completou o jogador.
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