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Especial

Conheça o VALE: a comunidade LGBTQIA+ do VALORANT

Projeto tem como objetivo tornar o ambiente do FPS saudável para as minorias

Mesmo sendo lançado há apenas dois meses, VALORANT não ficou imune à infeliz toxicidade vista comumente em outros jogos. Diários são os relatos sobre comentários preconceituosos que ocorrem nas partidas, com aqueles que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ sendo alguns dos principais alvos.

Mas por mais que a comunidade LGBTQIA+ também precise lutar contra os preconceituosos no FPS da Riot Games, lá possui um espaço para chamar de seu: o VALE.

Trata-se de um projeto voltado a ajudar pessoas LGBTQIA+ que fazem parte da comunidade de VALORANT fundado por três amigos: Wees Ekat, Flávio Junior e Joana Silveira.

Ao VALORANT Zone, Wees Ekat explica que o projeto VALE foi idealizado logo após passar por um episódio nada confortável no jogo: “No terceiro dia da fase beta, fui jogar sozinha e nessa partida sofri bastante rage. Cheguei a ligar o chat de voz, para pedir desculpas e explicar que estava começando a jogar, e assim que me escutaram, tudo piorou com os outros jogadores falado que eu não deveria estar ali, que mulher não pode jogar. Logo depois mutei todo mundo e tentei jogar. Mas como os comentários mexeram comigo, acabei quitando e desinstalando o jogo”.

Quando as outras fundadoras, que também são minhas amigas, souberam o que aconteceu, elas ficaram mal porque viram que eu tinha gostado bastante de VALORANT. Aí resolveram criar esse projeto durante o beta”, completa.

Wees Ekat conta que não aceitou de primeira participar do projeto porque “não estava com cabeça” após o que passou no jogo, mas que acabou decidindo ingressar no VALE por ver que ele era “necessário para que pessoas não passassem pelo que eu passei, de não terem que ouvir comentários que vão contra a própria existência”.

VALE foi lançado oficialmente no dia 2 de junho, no mesmo dia que VALORANT chegou de forma definitiva, e atualmente está presente nas redes sociais, como Twitter – no qual está próximo de atingir 1 mil seguidores –  e um Discord com mais de 200 pessoas, o qual é definido por Ekat como “um gueto onde recarregamos nossas energias para essa batalha que é entrar em um jogo online no qual a grande maioria das comunidade é preconceituosa”.

O objetivo em torno do VALE é claro, de acordo com a co-fundadora: “conseguir uma comunidade menos tóxica e preconceituosa”.

A comunidade gamer é, estruturalmente, preconceituosa e tem muito machismo imbuído. Isso mudou um pouco com o League of Legends porque, querendo ou não, chegou a um ponto de mulheres e LGBTs existirem tanto no jogo que ele ganhou adjetivos pejorativos, que são ‘jogos de menininha’, ‘jogos de viado’”, opina Ekat.

A co-fundadora do VALE explica que ela e os outros fundadores escolheram o VALORAT “porque é um FPS que está começando e veio com parte da comunidade do LoL. São pessoas que vão trombar com comunidades de outros FPS, as quais contam com integrantes que, quando vêem algo que ‘não deveria estar ali’, seja mulher ou LGBT, a minoria que seja, vão começar a atacar a existência dessas pessoas com o objetivo delas se sentirem desconfortáveis e saiam dali”.

Queremos com o VALORANT resistir. Queremos que as outras comunidades deem mais valor a todos os tipos de jogadores que fazem parte da comunidade. Queremos mais representatividade e que outros projetos como o nosso surjam usando o VALE de referência. Que as minorias possam se unificar e resistir porque sabemos que é muito difícil entrar em um espaço e receber um monte de comentário. Não queremos que a pessoa pegue um jogo que gosta e saia dele porque outros jogadores não têm o mínimo de respeito”, afirma.

Wees Ekat deixa claro que o VALE não é restrito a comunidade LGBTQIA+: “Todas as minorias podem participar, assim como as pessoas que nos respeitam. Queremos realmente conquistar um jogo onde a gente possa entrar e jogar com pessoas que não zoem das nossas vozes, que não respeitem a nossa existência e que não nos ataquem pelo o que somos”.

No Discord do VALE, todos que fazem parte da comunidade encontram um ambiente saudável para jogar VALORANT e também estão em contato com streamers que apoiam a iniciativa. Além disso, lá também são divulgadas notícias e tutoriais sobre o jogo, bem como um canal destinado a denúncias.

Inclusive, aqueles que colaboram com o projeo criando conteúdo são conhecidos como Radiantes.

Estamos sempre realizando iniciativas para que as pessoas interajam mais. Temos uma artista no nosso grupo de Radiantes, que trouxe um projeto cujo objetivo é incentivar as pessoas criarem as próprias artes”, explica.

Ekat revela planos de levar o VALE para o YouTube, com o canal voltado para “entretenimento, tutoriais, notícias do jogo e também estamos com um projeto de realizarmos nosso primeiro campeonato”.

A co-fundadora fala que após o VALE ser criado, integrantes da comunidade relataram que o projeto “foi essencial, principalmente na quarentena, porque ali acharam um grupo de amigos que mudou a vida delas. Esse é o nosso objetivo, queremos mudar a vida das pessoas para melhor enquanto batalhamos nessa luta. Só de jogarmos um jogo no qual a maioria nos ataca, é uma luta incrível e a gente está resistindo”.

O QUANTO O VALE É ESPECIAL

A fim de mostrar a todos o quão o VALE está sendo especial para aqueles fazem parte da comunidade, o VALORANT Zone conversou com pessoas que fazem parte do projeto.

Rahbraz conheceu o VALE por meio de um amigo que encontrou a comunidade no Twitter. De forma categórica, a jogadora aponta que o projeto “é 100% importante. Duvido que estaria tão animada e feliz por jogar se estivesse pegando partidas aleatórias. No VALE fiz amigos que jogam sempre comigo e compartilhamos ideias, criamos conteúdos leves e simples a fim de ajudar a galera. Seguimos sempre apoiando”.

Ana Beatriz “Kriptoclipse” Ralph também conheceu o VALE pelo Twitter e aponta que o projeto está sendo importante para ela: “Já ouvi alguns comentários homofóbicos enquanto jogava solo e me deixou mal. Jogar com a galera do VALE me fez ver o jogo de outra maneira. Eu rio até quando a gente perde. Me encontrei nessa comunidade e eu digo a todos que entram aqui que encontraram o melhor Discord de VALORANT. Eu realmente sou feliz conversando e jogando com a galera do VALE”.

Luís Fernando Bertoldi começou a jogar VALORANT durante a fase beta e, segundo o próprio, “todo joguinho que lança eu procuro uma comunidade LGBT. Eu vi sobre o VALE sendo compartilhado nas redes sociais. Para Nando, a comunidade “é importante por ser um local seguro”.

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